digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

pois sua "musa esta no cio / dessas vogais e consoantes". Ele a quer para, num corpo a
corpo ser ele mesmo desejo do desejo do outro e vice-versa.
Cabe aqui retomar 0 significante falico que no poema marca uma identidade e urn
gozo sexual. Existe no texto, esta claro, urn sujeito que goza: tateia imaginariamente
urn
corpo, dissolve a essencia de urn nome na ponta da lingua, invoca e possui urn fragmento
do corpo de mulher que aparece bem definido - vulva, quadris. Ocorre mais precisamente
o que Jorge Aleman 31 se refere
quanta ao ate de gozar de urn corpo, que e 0 desejo de
aperta-lo, abraya-Io, despedaya-Io. Esse despedayamento de que ele fala eo utilizado
em toda a poetica telesiana e em nada se relaciona com a concepyao
sadiana do corpo
fragmentado. Gilberto Mendonya Te1es nao despedaya 0 corpo de forma libertina, nem
este corpo esta predestinado it dor a aniquilayao. 0 fato de a sexualidade encontrar-se
presentificada no poema e diretamente definida pelos quadris feminino, serve para
mostrar 0 corpo como sede e fonte da atividade, da criatividade e tambem da
autoridade, pois que 0 significante falico encontra-se ai inserido como principio
masculino do qual a mulher e totalmente
desprovida.
Lacan
nos fala de uma relayao sexual impossivel, nao podendo jamais ser escrita
enquanto tal, posta que s6 existe urn, 0 masculino e 0 feminino nao se encontra inscrito
na ordem da linguagem. Conseqiientemente, a mulher deve ser pensada como
subjetividade, por ter seu lugar sustentado a partir de urn lugar Outro. Dizendo
de outro modo,
ha uma forma feminina de existir - uma exceyao. Essa exceyao-feminina
goza com urn gozo outro, indizivel. E, enquanto subjetividade
( urn lugar de onde nada
ou tudo pode ser dito ) e reduzido a objeto, como em Do Ponto Atras - este soneto -
que vem suprir exatamente a falta provocada pelo silencio, isto e, pelo entendimento do
gozo feminino. E mais, e pela escriturayao
do corpo feminino e de sua relayao com ele
que 0 desejo e sublimado.
o que vemos na maioria dos poemas de Plural de Nuvens e a temcitica desse
amor fortuito a fluir e refluir sem nunca concluir-se. Nos sonetos que se seguem ao Do
Ponto Atras confirmam bem essa quase posse do corpo da amada que acena para novos