digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

"... a casa semjanelas nem portasera
0 que eu ambicionava. Sem no
tempo terminar?"
(J. G. Rosa. Tutameia)
o espac;o na poetica de Gilberto Mendonc;a Teles esta, por fun, configurado e
nomeado. Ja nao ha mais forma
nem ser em desatino, como no poema Signo (17), de
Plural de Nuvens. Ha uma casa, a "minha casa". Morada do ser e do nome, a casa, com
seus compartimentos
todos e integrada no tempo, forma uma "rede espa90-temporal",
conforme Maingueneau (1995: 130 ), pois "hil lugares que tambem sao tempo". Tal rede
atravessa, valendo-se da fimc;ao integradora da cenografia, os varios conjuntos textuais
de Plural de Nuvens e & Cone de Sombras, validando urn cenario que, por vezes, remete
ao azul do ceu, inatingivel, e outras, ao azul das aguas, ambiente profundo e rnisterioso.
o espa90 azul do poeta e, por excelencia, 0 abrigo segura do corpo de linguagem, mas e
tambem abrigo do proprio corpo no momento posterior a criayao poetica, posterior
tambem ao ato amoroso. E 0 momenta em que 0 corpo e a alma do criador contempla,
em plena harmonia, a criatura-ser-de-palavras e a amada restabelecida na calma e
silenciosa linguagem do desejo satisfeito.
Em Plural de Nuvens, 0 poema Telha de Menos (42) mostra, atraves do uso de
express5es farniliares, a casa como urn ser que vive em constante estado de confusao
mental:
"!vfinha casa tem uma telha de menos
e uns macaquinhos brincando no satao ".