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Gilberto Mendonya Te1es termina 0 poema ironizando 0 seu poder de criayao, parodiando urn soneto camoniano. Se e verdade, se e vero 0 que nao se ve claramente, continuemos parodiando Cam6es para entendermos Esse poema: para tao longo amor pela lingua ( que nao e nenhum Jacob para 0 poeta, e sim, Raque1 ), a ela se deu e "cedeu" aos seus encantos. E mais servira e servini, enquanto persistir entre os dois Esse sinal de seduyao. 0 "se", a duvida impressa, e a cilada de quem ama e fica cioso com tanto silvo, "Aimla mais quando 0 termo, de tao pesado e polido, se toma ambiguo: vertentes de uma sonora unidade cindida apenas no gosto de a descobrir, e dizer. " ( Data, p. 51 - & Cone de Sombras ) o ambiguo na poesla de Gilberto Mendonya Teles e recorrente, ainda malS quando e possivel detectar dentro dos textos 0 seu prazer de jogar duplo com a lingua, com a tematica em questao e, conseqi.ientemente, consigo mesmo. "Amar de corpo e alma, contra 0 tempo contra todo 0 argumento ... todos os sentidos alerta - ver, tocar, cheirar . experimentar 0 sabor que 0 amor tem " As palavras, it medida em que penetramos 0 poema telesiano, dinamizam-se, mudam de significados, ganham novos, ampliam-se. Isso se deve a uma preocupayao do
poeta no que diz respeito a formayao de campos semanticos e de sua relayao estreita com a expressividade sonora. Dai insistirmos em dizer que ha to do urn processo de escolha, de elaborac;ao consciente do lexico a ser utilizado, se nao no ate da criayao, mas numa releitura do poema ainda por terminar. Esse e 0 aspecto mats relevante dentro de sua poesia: e a via de acesso a dimensao corporal do texto. o processo de incorporayao atinge 0 seu grau maximo quando encontramos 0 seu ponto de partida que e a referencialidade. E dela que brotam os caminhos, mas tambem nos leva as encruzilhadas do texto, aos seus "sem-sentidos". E urn trabalho de elaborayao do lexico que se "derrama" texto a texto, produzindo urn myel de metaforizayao a partir do modo de referenciayao, fazendo emergir da linguagem urn ser co-movente. Antonio Sergio Buen0 6 em sua critica ao livro Plural de Nuvens diz ser nele que a "nossa lingua portuguesa vive momentos privilegiados de beleza plastica e sonora ", podendo cada poema ser lido "como mettijora das diversas articulac;oesdos poemas, jormando figuras moveis e milltiplas". Gilberto Mendonya Teles vai arquitetando urn bordado textual que faz lembrar a dimensao "quasi corporea" que a metafora e 0 outros tropos se encarregam de prover 0 discurso, conforme discorre Paul Ricoeur 7 a respeito do pensamento de Genette. Nos poemas ha uma referencialidade latente, intencional, na superficie do texto entrelac;ada a uma metaforizayao, tambem intencional, num jogo de disfarces onde a poesia desdobra os seus sentidos numa imagem Dutra, cujas semelhanyas com 0 cOrpo feminino encontra-se fortemente marcada pela escolha lexica. Selecionamos , entao, dentrD dDs dois livros ora analisados, quatro poemas - tres de Plural de Nuvens e urn de & Cone de Sombras - para apontarmos dentro deles essas quest5es. Em Plural de Nuvens, 0 poema Signo (17), por exemplo, carrega uma referencialidade intencional na superficie do texto atraves de palavras como cabelos, alma, corpo, ser, provocando 0 aparecimento de uma imagem que surge a partir da 6 Antonio Sergio BUENO. A Estrutura cIaLibercIade em Plural de Nuvens ( texlO mimeografado ). - Paul RICOEUR. a Processo Metaf6rico como Cogni~ao, Imagina~ao e Sentimento. In.: Da Metafora (org) Sacks. Sheldon.
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Quando nao basta ao poeta as palavr
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outros, que podem ser identificados
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corpos e por ela atinge 0 orgasmogr
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Acrescentamos, por firn, que amilis
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42. LE GUERN, Michel. Semantique de
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