21.05.2014 Views

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

poesia. Teoricamente, 0 poeta nos fala do silencio como <strong>de</strong> urn espayo vazio, <strong>em</strong>bora<br />

cheio <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s significativas. Tamb<strong>em</strong> <strong>de</strong> suas implicayoes i<strong>de</strong>ol6gicas, suas<br />

ayoes e reayoes, suas mil e uma maneiras <strong>de</strong> dizer muito s<strong>em</strong> dizer na<strong>da</strong>. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, sac<br />

muitas as causas do silencio instaurado na poetica telesiana, mas, interessa-nos aqui<br />

falarmos do silencio fund ador <strong>de</strong> sua poesia ( se e que assim po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar ), que e<br />

o silencio que se estabelece via amor, como 0 que se encontra <strong>em</strong> Percep~ao (39), <strong>de</strong><br />

Plural <strong>de</strong> Nuvens:<br />

"0 amor te pren<strong>de</strong> as palavras e te liberta<br />

na invenc;ao <strong>de</strong> alguns c6digos e silencios. "<br />

Em Gilberto Mendonya Teles 0 silencio advindo do amor nao e<br />

percebido como urn <strong>em</strong>u<strong>de</strong>cimento proposital, tao pouco como ate <strong>de</strong> submissao. Nao<br />

se trata, pois, <strong>de</strong> vermos nesse calar f<strong>em</strong>inino uma relayao <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, on<strong>de</strong> a dominayao<br />

aparece como atributo do hom<strong>em</strong> controlador e dominador. Ao contrario, 0 silencio ai e<br />

<strong>de</strong>marcador dos limites paradoxais vi<strong>da</strong>/morte, <strong>de</strong> urn po<strong>de</strong>r que nao distancia 0 ser<br />

masculino do f<strong>em</strong>inino. Ao contrario,<br />

une-os pelo que e <strong>de</strong> mais sagrado para 0 poeta,<br />

que e a relayao amorosa, <strong>em</strong>bora nessa relayao a mulher precise ser 'manipula<strong>da</strong>', no<br />

sentido <strong>em</strong> que nela resi<strong>de</strong> 0 que ele mais <strong>de</strong>seja. Mas revela<br />

tamb<strong>em</strong> e, principalmente,<br />

o transporte do gozo f<strong>em</strong>inino ao mais al<strong>em</strong> do que 0 conhecimento do sujeito <strong>da</strong><br />

enunciayao possa alcanyar, como po<strong>de</strong>mos notar no soneto Amor-te<br />

(46), <strong>de</strong> Plural <strong>de</strong><br />

Nuvens, on<strong>de</strong> 0 silencio serve para ampliar a visao <strong>da</strong> mulher, <strong>de</strong> engran<strong>de</strong>ce-Ia,<br />

apesar<br />

<strong>de</strong> ser uma sugestao, urn objeto que 0 sujeito <strong>da</strong> enunciayao espera, diz, cont<strong>em</strong>pla, mas<br />

que, cotidianamente,<br />

barra a sua percepyao:<br />

"Sei que tomas 0 ser maior que 0 mundo<br />

e que a tua imag<strong>em</strong> nao se <strong>de</strong>ixa<br />

perceber na ilusao do dia-a-dia.<br />

E tudo que te expressa estCtno fundo,<br />

na curva do silencio au nesta queixa<br />

que te restringe e anula e mais te amplia. "

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!