A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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com a chegada dos novos moradores, teve início a vida<br />
comunitária, com todos os problemas e alegrias de uma nova<br />
colônia, repleta de ideais e um grande projeto a cumprir. Como se<br />
deu esse período, que teve inicio em 1929 e durou até o ano de<br />
1942, quando a fazenda teve que ser vendida e a comunidade se<br />
desfez, e os acontecimentos ocorridos durante esse tempo foram<br />
contados por seus moradores, e redescobertos por suas<br />
fotografias, que tornam visível a vida dessas pessoas, dia após<br />
dia, nesse lugar tão impregnado de sonhos.<br />
A história da formação urbana é resultado da soma das<br />
histórias de seus habitantes, como cita Le Goff (1984), ajudando<br />
a revelar a identidade do local e sua forma, da maneira como<br />
descreve Rossi (2001), não somente de pedra e cal, mas uma<br />
construção de vida das pessoas, durante um determinado tempo.<br />
Os relatos pessoais, junto com documentos com as datas<br />
de acontecimentos, fotografias com legendas e mapas formaram<br />
um painel da vida diária dos habitantes desse novo núcleo<br />
urbano, que foi surgindo na Fazenda Penedo. A partir de um<br />
início que parecia difícil, mas onde ainda era possível sonhar com<br />
os ideais comunitários, foi se verificando a necessidade de se<br />
tornar cada vez mais realista a visão dos moradores, que foram<br />
adaptando o Projeto Habitacional às suas necessidades,<br />
mantendo alguns de seus ideais e deixando de lado outros.<br />
4.1 A CHEGADA DOS PRIMEIROS GRUPOS<br />
Após a compra da Fazenda, começaram a vir os grupos de<br />
imigrantes. Várias pessoas foram chegando no começo do ano de<br />
1929, e na Semana Santa já havia 22 finlandeses na colônia 53 ,<br />
como aparece em relato de Siviä Rajalin, no Jornal Terveys, da<br />
sexta feira santa de 1929 (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a)<br />
Nós 22 finlandeses somos de posições sociais e profissões<br />
diferentes, mas aqui temos o mesmo valor. Fazemos juntos as<br />
refeições no anexo da cozinha, com as janelas abertas – a nossa<br />
alimentação é vegetariana e saudável.<br />
O primeiro grupo oficial, escolhido por Pennanen para vir<br />
para Penedo, chegou ao Brasil no navio Desiderade, em 16 de<br />
junho de 1929, formado por 26 pessoas que deixavam a Finlândia<br />
para se aventurar nos trópicos, rumo ao desconhecido.<br />
Eram jovens, idealistas, que tinham o perfil mais adequado,<br />
no entender dos organizadores do empreendimento, para a<br />
formação da colônia ideal.<br />
53 As vinte e duas pessoas devem ser as seguintes:<br />
Hyväri, Amanda e Hyväri, Herman, que chegaram em 07/02/29 em navio<br />
desconhecido. Colliander, Hugo; Fockman, Andréas; Kohlemainen, Armas; Lalla,<br />
Erki; Markkula, Emil; Preelzman, Johannes; Ritari, Jussi; Stapsen, Taimi; Teräs,<br />
Emil; Tukio, Aarne e Uusitalo, Väinö que chegaram em 24/02/29, em navio<br />
desconhecido. Hannonen, Eino (23 anos, solteiro e mecânico); Sjöblom, Edvin<br />
Bernhard (19 anos, solteiro e mecânico) e Toro, Matti (26 anos, casado e<br />
carpinteiro) chegaram em 10/03/29, no navio Andes. Järveläinen, Otto Ilmari e<br />
Vähäkallio, Lauri chegaram em 25/03/29, em navio desconhecido. As profissões<br />
eram declaradas ao chegar, assim como as idades e estado civil. Além do casal<br />
Uuskallio, Frans Fagerlund, Ole Aartelo e Suni. Talvez uma dessas pessoas não<br />
estivesse no momento na Fazenda, pois o total de pessoas soma 23 pessoas.<br />
(FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a; 1999b).<br />
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