A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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dinheiro que tinha como sinal, esperando receber o restante que<br />
faltava da Finlândia (VALTONEN, 1998). Ele não consultou<br />
ninguém para tomar essa decisão, pois acreditava estar guiado<br />
pela mão de Deus, e estava confiante na sua missão. Logo após<br />
a assinatura do documento o grupo se instalou na fazenda, em 7<br />
de dezembro de 1928 (MELKAS, 1999).<br />
No começo do ano seguinte foi concretizada a venda com o<br />
registro da escritura de compra e venda da Fazenda Penedo<br />
entre a Abadia Nullius de Nossa Senhora do Montserrate do Rio<br />
de Janeiro (Mosteiro de São Bento) representado por D. Pedro<br />
Eggerath, O.S.B, Abade do Mosteiro, e Toivo Uuskallio e Liisa<br />
Uuskallio. Foi realizado o registro em 28 de janeiro de 1929, no<br />
Rio de Janeiro, com uma hipoteca da propriedade, pois parte do<br />
valor total dado na data da escritura e o restante deveria ser pago<br />
depois. A hipoteca consistia em duas notas a serem pagas em<br />
etapas consecutivas, a primeira em noventa dias e a segunda<br />
vencendo em seis meses.<br />
A descrição da propriedade na escritura diz ela incluir a<br />
Fazenda Penedo e os sítios de Ribeirão das Pedras, Castilho,<br />
Boa Vista e Serrinha, a ela incorporados. A área total é de<br />
seiscentos e noventa e sete alqueires, o que corresponde a<br />
3.373,48 hectares, área a ser dividida em 250 lotes de 14<br />
hectares, dentro do Plano Habitacional de Penedo. Pastos de<br />
capim gordura, jaraguá, guiné e angola, e o restante em<br />
capoeiras e matas virgens, e as construções existentes, como as<br />
casas de morada e de colonos, barracões, moinho, cocheira,<br />
estábulos, além de móveis e os animais, cinco cavalos, dez<br />
burros e doze bois (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998b). Inicialmente a<br />
fazenda seria vendida com a porteira fechada, mas Uuskallio não<br />
quis as 300 cabeças de gado existentes, pois eles eram<br />
vegetarianos e não queriam animais na fazenda, somente poucas<br />
cabeças para o uso em carros de bois.<br />
Durante o período cafeeiro, a Fazenda Penedo teve<br />
diversos donos. Seu nome advém da grande pedra que domina a<br />
paisagem, um penedo, que significa grande rocha ou rochedo<br />
(FERREIRA, 1975). Não se sabe exatamente quem formou a<br />
fazenda, ou construiu o Casarão. Whately (2003) fala que a Maria<br />
Benedita Gonçalves Martins, considerada a rainha do café de<br />
Resende, havia herdado muitas fazendas de seu pai, e adquirido<br />
outras, entre as quais a Fazenda Penedo. Como ela faleceu em<br />
1881 (WHATELY, 2003), essa aquisição foi antes dessa data, e a<br />
fazenda já estava formada. Bopp (apud FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a)<br />
cita como antiga proprietária da Fazenda Penedo Maria Benedita<br />
Martins, uma das primeiras povoadoras de Resende. Godoy<br />
(1977) descreve ser a fazenda de 1885, e que sua primeira<br />
proprietária teria sido Maria Clemente Magalhães Pereira. Na<br />
Exposição Regional de Resende de 1885 aparece seu nome<br />
como proprietária (como Maria Clementina Magalhães Pereira),<br />
tendo a fazenda uma média de exportação de 5.000 arrobas de<br />
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