A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4.5 O DIA A DIA <strong>DE</strong> <strong>PENEDO</strong> ENTRE 1930 E 1935<br />
Em 1930 ainda chegaram algumas pessoas, pois havia<br />
muita propaganda de Penedo nos jornais e revistas da Finlândia,<br />
e o interesse ainda persistia, mas segundo Fagerlande (1998a)<br />
vieram somente 24 pessoas, bem menos do que no primeiro<br />
ano 56 . As dificuldades já apareciam, e a vida se mostrava menos<br />
paradisíaca do que se pensava inicialmente. O ano de 1929<br />
chegou ao seu final com a eclosão da crise na bolsa de Nova<br />
York, em 24 de outubro daquele ano, e isso afetou a Finlândia,<br />
assim como ao Brasil e a todo o mundo. Logo mais o Brasil<br />
também passaria pela Revolução de 1930, com mudanças na<br />
política nacional e a subida de Getúlio Vargas ao poder. Era um<br />
quadro bem diferente do existente na chegada de Uuskallio e seu<br />
grupo ao Rio de Janeiro, em 1927. Mesmo assim, o movimento<br />
de vinda de finlandeses, ainda animados pelos ideais da colônia,<br />
foi contínuo, diminuindo um pouco no final da década de 1930.<br />
Nesse ano de 1930 vieram alguns dos organizadores da<br />
colônia na Finlândia, como Simo Aukusti Kuusisto (PENNANEN,<br />
1929) e Väino Nurmi. Kuusisto era professor em Turku, e Nurmi<br />
era ourives. Ambos estavam entre os proprietários das seis<br />
primeiras casas da colônia, apesar da casa de Kuusisto não ter<br />
56 Melkas (1999) fala da chegada de 40 pessoas em 1930. Os números<br />
divergentes se referem a fontes diferentes, pesquisadas por Fagerlande (1996)<br />
e por Melkas. As fontes de Fagerlande descrevem cada nome encontrado,<br />
diferente das de Melkas, que colocam o número como entrada no Brasil, sem<br />
discriminar os que realmente foram para Penedo.<br />
sido concluída para ele, e a de Nurmi ter sido utilizada por<br />
Uuskallio, mais tarde. Muitas pessoas retornavam à Finlândia,<br />
alguns num movimento de ir e vir, como Toivo Suni, proprietário<br />
da primeira casa a ser construída, e que acabou sendo ocupada<br />
por temporadas por outras pessoas (HILDÉN, 1989).<br />
Diversas pessoas que se destacaram na comunidade<br />
chegaram nesse ano, como Toivo Armas Sipilä. Natural de<br />
Vesivehmaa, perto da cidade de Lahti, no sul da Finlândia, havia<br />
estudado na escola dos adventistas, próximo a Turku. Ele<br />
trabalhou nessa escola com plantações de hortaliças, além de<br />
aprender sueco e inglês, e continuou a trabalhar com agricultura<br />
em Karimaa, onde coordenava os serviços. Mais tarde foi<br />
vendedor de verduras em Pori e Vaasa, onde conheceu Väino<br />
Nurmi e Eino Valtonen, pai de Niilo Valtonen. Foi com eles, que<br />
Sipilä ficou sabendo das idéias de Toivo Uuskallio, na primavera<br />
de 1930 (VALTONEN, apud FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1999b).<br />
Peltoniemi (1986) conta que Sipilä assistiu à palestra de<br />
Pennanen na casa de repouso de Suonenjoki, onde conversaram<br />
bastante a respeito de Penedo, e que em novembro de 1930 ele<br />
recebeu uma carta de Pennanen sobre sua viagem para a<br />
colônia. Antes disso Sipilä tinha a intenção de emigrar para a<br />
Califórnia, onde cultivaria frutas, mas foi convencido a participar<br />
do empreendimento, pegando dinheiro emprestado para vir para<br />
Penedo (VALTONEN, 1998). Ao chegar à colônia, logo se tornou<br />
muito amigo de Uuskallio, e participava do que Valtonen chamou<br />
112