A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Hamburgo, cidade visitada deurante sua viagem para o Brasil. Ele<br />
fala a respeito da massa humana, que para ele é maior do que o<br />
território suporta, e de como é um lugar de desemprego e<br />
sofrimento.<br />
[...] enchente humana e Hamburgo, de aperto incomum e<br />
zoeira, onde o terreno nem é suficiente para se circular, pois além<br />
de ter que se utilizar o nível do terreno, também se tem que fazêlo<br />
debaixo da terra e no ar, onde se vive em dezenas de andares<br />
e se sofre o desemprego (UUSKALLIO, 1929, p. 16).<br />
Para Uuskallio (1929), o homem deveria viver no campo,<br />
junto às plantações, e não em grandes cidades, onde não haveria<br />
espaço e nem ar para o homem. Sua vontade de fundar uma<br />
pequena comunidade é expressa na sua opinião a respeito da<br />
criação de Penedo, e de que seja um lugar onde todos sejam<br />
naturalmente integrados ao projeto<br />
Não parti para fundar uma comunidade artificial, há bastante<br />
delas no mundo, saí para trabalhar chamando outros para agir<br />
com o mesmo fim, se assim for a vontade (UUSKALLIO apud<br />
HILDÉN, 1989).<br />
Dessa maneira ele mostrava que queria levar para Penedo<br />
pessoas ideologicamente agregadas ao seu projeto, que<br />
acreditassem nele e interessadas em mudar suas vidas, criando<br />
não o que ele chama de comunidade artificial, mas uma<br />
comunidade natural, de pessoas voltadas para a mudança em<br />
suas vidas e em um novo caminho rumo à natureza e à vida<br />
saudável.<br />
3.2 A ESCOLHA DO BRASIL<br />
Sempre houve dúvidas com relação ao porque da vinda de<br />
Uuskallio para o Brasil. Certamente a escolha deveria ser por um<br />
país tropical, palco provável dessa experiência idealizada por ele.<br />
A América do Norte não estava mais tão disponível para a<br />
migração de finlandeses, como tinha sido durante tanto tempo, e<br />
a América do Sul era então um destino atraente. Ali havia a<br />
possibilidade de ir para a Argentina, mas lá já havia uma outra<br />
colônia, que não estava indo bem, e como já estava estabelecida<br />
há algum tempo, tinha seus ideais já definidos, não sendo um<br />
espaço aberto para novas experiências.<br />
Em seu livro sobre a viagem para o Brasil, Uuskallio (1929)<br />
diz que tinha lido e ouvido a respeito da nova terra escolhida,<br />
especialmente com relação ao clima quente, além de informações<br />
sobre seu tamanho e população. O que mais importou para ele foi<br />
saber a respeito das riquezas da natureza, como as frutas e<br />
animais, e o eterno verão, e ele cita castanhas, como a do Pará,<br />
para mostrar a riqueza da terra e de seus produtos vegetais<br />
(UUSKALLIO, 1929). A importância das castanhas deve-se ao fato<br />
dele pensar as nozes como um dos mais importantes alimentos<br />
para o homem, juntamente com frutas e cereais. Fala ainda que<br />
tratavam o Brasil “como um paraíso e inferno, donzela<br />
adormecida, que com suas tetas pode alimentar mais que a<br />
humanidade” (UUSKALLIO, 1929, p.11).<br />
73