A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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Southampton, chegando ao porto do Rio em 10 de março de 1929<br />
(FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a).<br />
Outro a chegar antes, no navio Andes, foi Matti Toro.<br />
Carpinteiro com 26 anos, ele era recém casado com Elli Toro, que<br />
viria logo depois, no Navio Sierra Córdoba. (FAGERLAN<strong>DE</strong>,<br />
1998c). Matti Toro queria ir para a Austrália, mas ao ouvir falar de<br />
Penedo resolveu vir com a primeira turma (VALTONEN, 1998).<br />
Na Finlândia ele trabalhava em fábrica, e como tinha ideais<br />
comunistas, querendo viver em uma sociedade comunitária, com<br />
liberdade, em que todos fossem irmãos. Valtonen conta ainda que<br />
ele havia participado da Revolução Comunista que aconteceu na<br />
Finlândia logo após sua independência, quando os comunistas<br />
finlandeses perderam a guerra civil para os chamados brancos,<br />
que eram apoiados pelos alemães e impuseram uma República<br />
nos moldes ocidentais (VALTONEN, 1998).<br />
4.2 COMO SE INSTALARAM OS PRIMEIROS<br />
FINLAN<strong>DE</strong>SES<br />
Ao chegarem à Fazenda Penedo, Uuskallio e o grupo inicial<br />
encontraram uma fazenda devastada, após o término da era do<br />
café, e somente utilizada para a criação de gado. Sendo<br />
vegetarianos radicais, eles não aceitaram continuar com essa<br />
atividade, e se recusaram a ficar com o gado, apesar de terem<br />
pagado por ele, ficando somente com algumas cabeças, para o<br />
transporte em carros de boi (VALTONEN, 1998).<br />
Nesse ponto Uuskallio mantinha um rígido controle sobre os<br />
hábitos dos novos habitantes. Era terminantemente proibido o<br />
consumo de carne, ovos e até leite, sendo permitido somente o<br />
consumo de vegetais, às vezes crus, o álcool também estava<br />
banido, e nem mesmo café ou chá eram permitidos, devido a<br />
seus efeitos estimulantes (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a).<br />
Logo ao chegar, a fazenda oferecia pouco aos finlandeses.<br />
Liisa Uuskallio lembra das dificuldades iniciais, especialmente em<br />
relação à alimentação.<br />
Não entendi como os habitantes viviam, pois não há horta em<br />
parte nenhuma. Só vi alguns pés de milho. Eu era a primeira dona<br />
de casa finlandesa na cozinha da fazenda quando chegaram<br />
alguns finlandeses para conhecerem a fazenda. Aí precisou<br />
pensar muito (sic) o que botar na panela (UUSKALLIO, 1979).<br />
No início todos se instalaram na sede, única construção<br />
própria para esse uso. Liisa Uuskallio fala que o casarão não<br />
tinha muitos móveis, como se o antigo administrador tivesse<br />
vendido o mobiliário por conta própria (UUSKALLIO, 1979).<br />
Apesar de grande, seu estado de conservação não era dos<br />
melhores, mas havia espaço para todos do grupo inicial. Os<br />
solteiros dormiam em alojamentos coletivos e os casados em<br />
quartos individuais, mas como eram poucos os casais, e também<br />
havia maior número de homens que de mulheres, a maioria dos<br />
homens se alojou no grande dormitório.<br />
Valtonen (1998) fala que o salão de baixo tinha paredes e<br />
teto brancos e que servia de depósito e alojamento,<br />
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