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A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ

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(1999), o jornal Helsingin Sanomat 36 publicou, em setembro de<br />

1923, cartas de alerta contra o Brasil, e também carta de Tikka<br />

contando vantagens, como ofertas de terras grátis, feitas pelo<br />

governo no Brasil. Uuskallio não considerou a propaganda<br />

negativa, e manteve seus contatos com Tikka. Apesar de seu<br />

nome aparecer bastante nesse momento, e talvez tiver<br />

influenciado na escolha do Brasil, não é mencionado depois, sem<br />

ser possível saber o que ocorreu com ele, e por que ele não veio<br />

para o Brasil. Os autores que contam a história de Penedo, no<br />

Brasil, nunca o mencionaram, e ele parece nunca mais ter vindo<br />

para cá, de acordo com as entradas em navios no porto<br />

(FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998b).<br />

Outro motivo que atraiu Uuskallio foi a situação de paz<br />

reinante no Brasil, pois Valtonen (1998) fala que Uuskallio citava<br />

ainda suas lembranças da guerra de 1908 para explicar seu<br />

horror às guerras, e de como achava bom estar no Brasil, um país<br />

sem guerras.<br />

A idéia de emigração era bastante familiar ao finlandês<br />

desde o século XIX. Nesse período houve um grande movimento<br />

migratório em direção à América do Norte. Alguns dos emigrantes<br />

para Penedo, como Matts Bertell, haviam participado desse<br />

movimento, buscando trabalho nos EUA 37 , e outra participante de<br />

Penedo, Lilli Bertell também queria ir para os EUA, quando tinha<br />

36 Notícias de Helsinki, em finlandês – tradução nossa.<br />

37 Matts Bertell esteve nos EUA e voltou para a Finlândia, ainda no século XIX.<br />

23 anos, em 1924, não conseguindo visto (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1996).<br />

Outros imigrantes, como Tyynne Sarva, Lyyli Jouskari e Toivo<br />

Sipilä queriam ir para o Canadá ou os EUA, mas havia<br />

dificuldades para emigrar para esses países nos anos 1920<br />

(FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1999b), e dessa maneira o Brasil era a melhor<br />

alternativa.<br />

3.3 A VINDA DO PRIMEIRO GRUPO EM 1927<br />

Uuskallio organizou a vinda inicial de um pequeno grupo,<br />

com ele próprio, sua esposa Liisa, Frans Armas Fagerlund 38 , Eino<br />

Kajander e Enok Nyberg (MELKAS, 1999; FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a)<br />

(Figura 16). Vieram no navio La Corunã, chegando em 01 de<br />

setembro de 1927, e se instalaram no Rio de Janeiro em um local<br />

de recepção de alemães, o chamado Deutsches Männerheim 39 .<br />

Como Uuskallio dominava o idioma, buscou a ajuda dos círculos<br />

alemães, em especial a associação alemã Deutscher Hilfsverein 40<br />

para se posicionar na nova cidade (UUSKALLIO, 1929).<br />

Logo no primeiro dia eles foram ao Instituto Berlitz, para ter<br />

aulas de português, além de circular pela cidade para conhecer<br />

melhor os hábitos do país. Uuskallio descreve a cidade, seus<br />

principais lugares turísticos e seus hábitos, principalmente os<br />

38 Frans Armas Fagerlund trocaria seu nome mais tarde para Armas Parno<br />

39 Deutsches Männerheim significa Casa dos homens alemães (FAGERLAN<strong>DE</strong>,<br />

1998a).<br />

40 Deutscher Hilfsverein significa Sociedade Beneficente Alemã – tradução<br />

nossa.<br />

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