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A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ

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hospedagem, iniciada ainda no período utópico, e que hoje em<br />

dia está presente, pelos diversos locais que oferecem serviços<br />

semelhantes, como spas e um turismo voltado para a<br />

contemplação da natureza. Para isso existe grande quantidade de<br />

pequenos hotéis e pousadas, que mantem a estrutura de casas<br />

isoladas, como era o projeto inicial de Penedo, com as<br />

construções distantes umas das outras. Além disso, a sauna,<br />

elemento importante nesses tratamentos naturais, e trazida para<br />

o Brasil pelos finlandeses de Penedo, teve seu uso disseminado,<br />

e deixou de ser apenas mais um hábito coletivo dos finlandeses,<br />

passando a estar presente em casas, clubes e academias de todo<br />

o país.<br />

A imagem de paraíso ecológico, presente desde a colônia<br />

utópica, continua existindo no imaginário do local, e as atividades<br />

culturais dos finlandeses ajudaram a criar os atuais atrativos<br />

turísticos, como o artesanato, restaurantes, bailes do Clube<br />

Finlândia e danças típicas, mantendo a imagem da presença<br />

finlandesa.<br />

Uma utopia deveria ser um espaço de liberdade de idéias,<br />

pelo menos no entender de Uuskallio. A influência dessa<br />

liberdade na formação urbana de Penedo pode ser verificada ao<br />

se perceber que, apesar de terem um vinculo religioso, num<br />

sentido mais amplo e filosófico, não fazia parte do plano urbano<br />

de Penedo a construção de templos. Dessa maneira, com os<br />

cultos sendo feitos em locais de encontros comunitários,<br />

inicialmente no Casarão sede da fazenda, e depois no Clube<br />

Finlândia, se mantinha a idéia de liberdade, onde cada um<br />

poderia ter sua própria religião, ou mesmo nenhuma. Havia uma<br />

ênfase na implantação de uma sociedade vegetariana, que<br />

inclusive fazia parte das questões colocadas no Projeto<br />

Habitacional, mas com respeito às convicções individuais, com<br />

amplos debates sobre todos os assuntos, inclusive sobre religião<br />

e questões filosóficas. Somente assuntos como a alimentação<br />

vegetariana radical e o absenteísmo eram inicialmente pontos<br />

indiscutíveis do projeto de Penedo, mas que com o tempo foram<br />

se relativizando.<br />

Com relação à propriedade da terra, no caso de Penedo,<br />

efetivamente houve a propriedade comunitária da fazenda entre<br />

os anos de 1929 e 1942. As casas também começaram a ser<br />

construídas para cada uma das famílias dos participantes, mas<br />

seu uso era sempre com um sentido de coletividade. Assim,<br />

quando alguma casa ficava desocupada por motivo de viagem do<br />

morador, fato comum devido ao hábito comum de as pessoas<br />

voltarem para a Finlândia por períodos longos, outros colonos<br />

eram autorizados a habitarem a casa vazia.<br />

Parecia natural a utilização de casas disponíveis por<br />

pessoas neessitadas. Essa convivência coletiva era usual, pois<br />

ao chegar a Penedo as pessoas moravam durante bastante<br />

tempo na Casa Grande, antiga sede da fazenda. Ali eram<br />

realizadas as atividades sociais, refeições, comemorações e<br />

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