A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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Com o início da guerra em 1939, as dificuldades<br />
aumentaram. O negócio de venda de mudas de laranjeiras teve<br />
fim, e muitos finlandeses resolveram sair de Penedo e ir tentar a<br />
vida no Rio de Janeiro. Havia um pequeno núcleo na cidade,<br />
onde algumas finlandesas trabalhavam como empregadas em<br />
casas de pessoas ricas e no palácio do governo, como era o caso<br />
de Lyyli Jouskari, Siiri Silfver, depois Bertell, e também de Tuulikki<br />
Tikkinen, que trabalharam no Palácio Guanabara, residência de<br />
Getúlio Vargas. Os demais trabalhavam com massagens, depois<br />
de fazerem curso com Tyyne Sarva (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a).<br />
Alguns tiveram bastante sucesso nessa ocupação, como Gotte<br />
Bertell que chegou a fazer massagens no presidente Getúlio<br />
Vargas, e depois ao voltar para Penedo manteve uma clientela<br />
junto à sauna do Hotel Bertell, segundo contava o próprio.<br />
4.12 FIM DO SONHO DA COLÔNIA - A VENDA DA<br />
FAZENDA<br />
Com o início da segunda grande guerra, a venda de<br />
laranjas para a Europa foi interrompida. Dessa maneira, a<br />
principal atividade econômica de Penedo, a venda de mudas de<br />
laranjeiras, teve uma queda muito grande. Foi um momento onde<br />
a atividade de recepção de hóspedes teve um maior<br />
desenvolvimento, especialmente devido à chegada ao Brasil de<br />
estrangeiros, vindo do norte da Europa, sendo muitos deles<br />
judeus de fala alemã.<br />
Mesmo essas outras atividades não conseguiram resolver a<br />
difícil situação financeira em que se encontrava a colônia.<br />
Valtonen (1998) conta que a situação financeira era terrível, e que<br />
Uuskallio falou para os homens da colônia sobre possível venda<br />
de parte da fazenda, e que toda a parte à direita do rio seria<br />
vendida para o pagamento da hipoteca.<br />
Essa foi a única solução encontrada por Uuskallio para sair<br />
do atoleiro financeiro em que havia entrado. Vendeu grande parte<br />
da fazenda para um grupo suíço, a Geigy do Brasil, que ali criou<br />
uma nova empresa, a Plamed – Plantas Medicinais do Brasil, em<br />
1942, e segundo Hildén (1989) essa empresa foi criada<br />
justamente por suíços que conheciam Penedo. Com a nova<br />
atividade, muitos finlandeses tiveram que abandonar suas<br />
residências, que se situavam na parte vendida à Plamed. Reiman,<br />
Suni, Tammela e Savón tiveram seus lotes incluídos na área<br />
vendida, e tiveram que reconstruir suas casas. Nesse momento<br />
houve finalmente a distribuição das terras, e formalização de<br />
escrituras, deixando de existir a Fazenda Penedo, de propriedade<br />
de Toivo Uuskallio (VALTONEN, 1998). Analisando-se os mapas<br />
da época, percebe-se que continuou existindo a Fazenda<br />
Penedo, em parte das terras que não foram vendidas, nem<br />
entregues nesse período aos colonos. Essas terras ficaram em<br />
nome de Uuskallio, e não se sabe como foi feita a repartição<br />
delas, posteriormente.<br />
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