A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Uma das pessoas responsáveis pelo movimento de<br />
sanatórios naturais na Finlândia, Maalin Bergström, veio para<br />
Penedo com esse intuito (VALTONEN, 1998). Após a experiência<br />
mal sucedida no sul da França, com a Sociedade Paradiso, seria<br />
uma nova oportunidade de aplicação dos ideais de Louis Kuhne,<br />
e de toda a corrente naturalista finlandesa, do qual ela fazia parte.<br />
Hildén fala que a clínica naturalista seria um lugar para a prática<br />
de vida ao ar livre, com exercícios de respiração adequados,<br />
prática de ginástica, banhos de sol e de ar, tratamentos termais,<br />
massagens, dietas vegetarianas, cura com argila e sauna<br />
(HILDÉN, 1989). Frederika (Rauha) Lukkala, outra importante<br />
participante do movimento naturalista na Finlândia e diretora de<br />
Sanatório de Suoniemi, também veio com Bergström para<br />
analisar a possibilidade da implantação de casa de repouso<br />
semelhante em Penedo. Essa seria uma das principais atividades<br />
da colônia, aproveitando sua localização e possibilidade de<br />
acesso, entre Rio e São Paulo, onde se buscariam clientes,<br />
divulgando o movimento naturalista e possibilitando a<br />
manutenção da colônia vegetariana (MELKAS, 1999).<br />
O local que Uuskallio destinava ao sanatório era situado a<br />
um quilômetro acima do casarão, junto ao rio das Pedras, mas<br />
Bergström queria local mais alto, em cima dos morros. As<br />
dificuldades de acesso eram evidentes, mas o maior impecilho<br />
seria a falta de dinheiro. Não conseguindo capital para montar o<br />
negócio, ela e sua filha resolveram retornar para a Finlândia, após<br />
um período de permanência na colônia (VALTONEN, 1998).<br />
Durante o tempo em que ela esteve em Penedo os<br />
moradores da colônia foram seus pacientes no uso desses<br />
tratamentos, pois ela era bastante experiente em kuhnir e<br />
tratamentos a vapor, devido aos anos de prática em Kirvu. Eram<br />
feitos tratamentos com vapores, inclusive com relação às feridas<br />
de mosquitos e outros insetos, além de serem utilizados para a<br />
cura de diversas outras doenças (VALTONEN, 1998).<br />
Valtonen (1998) fala que havia na sauna três cubas para<br />
se fazer kuhnir, e lá estavam sempre algumas pessoas sentadas,<br />
durante o uso da sauna. Mesmo em horários em que não se fazia<br />
sauna as pessoas sentavam nas cubas. Outra maneira de se<br />
fazer o tratamento era ir ao rio, onde se sentava sobre as pedras.<br />
Alguns estavam convencidos que a água corrente era melhor<br />
para a saúde, enquanto outros achavam que a correnteza forte<br />
atrapalhava, pois poderia enfraquecer o usuário, retirando sua<br />
energia.<br />
Apesar de nunca ter sido construído o sanatório, Valtonen<br />
(1998) fala que os penedenses trataram o lugar como vargem do<br />
sanatório durante anos, e segundo Hildén (1989), esse vale é<br />
onde mais tarde ela construiria sua casa. Na escritura do Grupo<br />
Kaleva aparece descrição desse lugar, como o Vale do Sanatório<br />
(FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998b).<br />
111