A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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A maioria dos imigrantes eram trabalhadores, em diversas<br />
áreas de atuação 49 , muitos voltados para a área agrícola e<br />
florestal, outros para serviços de infra-estrutura, mas também<br />
muitos tinham trabalhos urbanos, com pouca utilidade em uma<br />
colônia rural (MELKAS, 1999). Algumas pessoas eram ligadas a<br />
atividades em tratamentos de saúde e hospitais. Além disso,<br />
por vezes a ocupação de agricultor não era realmente a<br />
verdadeira, mas a apresentada para a obtenção de visto para o<br />
Brasil, que privilegiava essa categoria de trabalhadores, pois o<br />
governo sempre tinha o interesse em trabalhadores qualificados<br />
para o campo. Apesar das idéias de Uuskallio serem anteriores<br />
a 1929, é importante observar que grande parte dos imigrantes<br />
veio depois da quebra da Bolsa de Nova Iorque 50 . Fagerlande<br />
(1999b) fala que esse acontecimento foi bastante sentido na<br />
Finlândia, aumentando a crise econômica que o país já vivia<br />
desde a independência e as guerras que se seguiram a ela.<br />
49 De acordo com Melkas (1999), de um total de 120 pessoas, 30 se<br />
declaravam agricultores, 16 trabalhadores, 10 donas de casa, 6 empregados,<br />
4 professores, 3 trabalhadores de fábrica, 3 comerciantes, 3 eletricistas, 3<br />
trabalhadores em hortas, 3 ferreiros, 2 carpinteiros, 2 balconistas, 2<br />
massagistas, 2 jardineiros, 2 metalúrgicos, e os demais , em número de 1<br />
cada, paisagista/agrônomo, homem de negócios, trabalhador de obras,<br />
trabalhador em ferrovias, oficial, pintor, trabalhos variados, trabalhador<br />
agrícola, trabalhador florestal, coronel, garçonete, escritor, instrutor de pesca,<br />
trabalhador de escritório, capataz, estudante, mecânico de aviões, funcionário<br />
de sanatório, sapateiro, enfermeiro, babá, pedreiro, motorista, comissário de<br />
polícia rural, mecânico, músico. As profissões eram as declaradas à<br />
imigração, não correspondendo às vezes à realidade.<br />
50 A quebra da bolsa de Nova Iorque ocorreu em 24 de outubro de 1929.<br />
Lahteenmäki (1979) mostra que é a grande distribuição<br />
espacial das pessoas que organizavam a vinda para o Brasil, e<br />
suas profissões. Eram pessoas de classe média, profissionais<br />
responsáveis, de maneira geral pessoas amigas e relacionadas a<br />
Toivo Uuskallio havia anos, e as pessoas escolhidas para o<br />
empreendimento estavam relacionadas a elas, de maneira geral<br />
das mesmas cidades. É importante verificar que elas cobriam uma<br />
vasta área do país, não concentrando os emigrantes em nenhuma<br />
área específica. Apenas se verifica que a maioria vinha das maiores<br />
cidades, não das pequenas, e que a cidade de onde vieram mais<br />
imigrantes foi Tampere, seguida de Helsinki e Vipuri. Possivelmente<br />
o fato de sediar a redação do jornal Työkansa contribuiu para essa<br />
posição de Tampere (MELKAS, 1999).<br />
3.8 A FAZENDA <strong>PENEDO</strong> NA ÉPOCA DA CHEGADA<br />
DOS FINLAN<strong>DE</strong>SES<br />
A Colônia Finlandesa de Penedo surgiu de uma antiga<br />
fazenda de café, que já havia se transformado em local de criação<br />
de gado. Sua estrutura física era a de uma tradicional fazenda do<br />
século XIX. Não se tratava de moradia nobre, e sim de centro<br />
coletor de produção, que seria encaminhada a outra fazenda e dali<br />
levada ao porto, e a sede possuía certa grandeza, mas sem<br />
excesso de luxo. O pavimento inferior deveria ser utilizado para a<br />
produção, e o segundo para moradia (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a).<br />
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