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A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ

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A vida era, pois agradável, interessante, sem cuidados. Sem<br />

cuidados demais. Trabalhasse ou não, a comida estava sempre à<br />

mesa, a tempo. Não havia pressão! A liberdade fazia parte dos<br />

ideais de Penedo (apud FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1996).<br />

Apesar de haver salários nominais, na prática o dinheiro era<br />

curto, e ninguém os recebia. Ficavam assim acumuladas mais<br />

dívidas da fazenda, dessa vez para com seus próprios colonos.<br />

Assim, não havia dinheiro em circulação, e para se comprar algo<br />

era sempre difícil (MELKAS, 1999).<br />

A colônia era composta, em sua maioria, de jovens, pois<br />

Uuskallio e Pennanen tinham consciência das enormes<br />

dificuldades de sobrevivência na nova terra, e de como apenas<br />

quem tivesse boas condições de saúde poderiam agüentar<br />

(MELKAS, 1999). A maioria dos colonos era de solteiros, portanto<br />

nada mais natural que logo começasse a acontecer encontros e<br />

casamentos.<br />

Ainda em seu primeiro ano ocorreu o primeiro grande<br />

acontecimento da colônia, o casamento de Ethel Bertell e Frans<br />

Fagerlund (FAGERLAN<strong>DE</strong>, 1998a), o primeiro de Penedo, em 26<br />

de outubro de 1929. O casamento civil foi no cartório de Resende,<br />

e a comemoração aconteceu no Casarão. Uma foto tirada em<br />

frente à fachada da Casa Grande, em que aparecem oitenta e<br />

oito pessoas, permaneceu como um marco do início da colônia.<br />

Fagerlande (1998a) fez uma lista com os nomes das pessoas<br />

conhecidas, identificando quarenta e três pessoas. Ali estão os<br />

presentes com suas melhores roupas, inclusivas mulheres com<br />

seus trajes nacionais, e bebês nos colos de suas mães. Essa foto<br />

é encontrada em diversos álbuns de pioneiros, certamente foi um<br />

importante registro da presença de todos ali (Figura 34).<br />

4.3 O PROJETO HABITACIONAL<br />

De acordo com Melkas (1999), Uuskallio não tinha bastante<br />

definido seu projeto de ocupação das terras antes de vir para o<br />

Brasil. A primeira vez em que ele falou sobre assentamento foi<br />

em artigo da Revista Terveys, em abril de 1927, com idéias vagas<br />

a respeito de pequena colônia de hortifruticultura. O esboço de<br />

projeto habitacional foi publicado no jornal Työkansa de 09 de<br />

maio de 1929, e era entregue aos investidores, juntamente com o<br />

recibo do dinheiro que havia sido pago (MELKAS, 1999). Era<br />

assim um dos itens com que ele atraía as pessoas para a futura<br />

colônia 55 .<br />

Melkas (1999) fala que o Projeto Habitacional era um texto<br />

escrito, como aparece em seu livro, e que foi publicado no<br />

Työkansa. Fagerlande (1998a) também fala de Projeto<br />

Habitacional, traduzindo original em seu poder, que tem algumas<br />

pequenas diferenças em relação ao de Melkas (1999), publicado<br />

na Finlândia. Não se tem notícia de um desenho desse Projeto, e<br />

caso tenha havido efetivamente um, esse foi perdido. Não há<br />

notícia dele seja em arquivos pessoais conhecidos, no museu ou<br />

relatos nos livros escritos pelos antigos moradores e estudiosos<br />

55 Ver Anexo.<br />

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