A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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algumas características finlandesas, onde as cidades mantinham<br />
muita área verde, e as casas não eram necessariamente coladas<br />
umas nas outras, salvo nos maiores centro urbanos.<br />
No caso do Falanstério do Saí, a experiência estava muito<br />
mais voltada para um projeto colonizatório vinculado ao governo<br />
imperial, onde a vinda de estrangeiros “desenvolveria” o país, do<br />
que somente os ideais de um agrupamento utópico, apesar de<br />
incluir muitos elementos das idéias de Fourier (S.THIAGO, 1995).<br />
Da mesma maneira que na experiência anarquista, pouco se<br />
sabe a respeito da implantação urbana desse projeto fourierista<br />
no Brasil, pois somente existem ruínas no local, e as descrições,<br />
falando de edifícios que seriam como um falanstério, parecem um<br />
pouco imaginativas.<br />
5.1 AS PRIMEIRAS VIAS<br />
As primeiras vias de Penedo foram as encontradas pelos<br />
finlandeses ao chegarem, em 1929. Havia um pequeno caminho<br />
de terra, carroçável, que saia da estação de trem Marechal<br />
Jardim e, passando por outras fazendas, se chegava à porteira da<br />
Fazenda Penedo e dali até a sede, por cima do morro.<br />
No início da colônia os trabalhos mais importantes foram<br />
aqueles que serviram para criar uma infra-estrutura que trouxesse<br />
condições para o estabelecimento dos colonos. Dessa maneira a<br />
abertura de vias era uma das prioridades, ao lado das plantações<br />
e a construção de moradias. Havia ainda antigos caminhos pela<br />
fazenda, como aquele que seguia rio acima, até chegar ao local<br />
chamado de fazendinha, e outros que atravessavam os pastos,<br />
sem a possibilidade do uso de veículos.<br />
A idéia inicial de Uuskallio era construir uma via reta ligando<br />
a sede da fazenda à estação de trem de Marechal Jardim, e isso<br />
foi realizado, em parte, criando a atual Avenida das Mangueiras,<br />
principal artéria de Penedo, e a Avenida Finlândia (VALTONEN,<br />
1998). Essas duas avenidas faziam parte dessa mesma reta,<br />
interrompida pelo rio. Esse foi o maior problema, pois teria que<br />
ser transposto diversas vezes para permitir a construção dessa<br />
longa via. Havia ainda a impossibilidade física de se alcançar a<br />
estrada de ferro com uma reta, pois em algum lugar teria que ser<br />
feita uma curva, devido à posição dos morros, que impediriam<br />
essa reta. Houve então a necessidade de adaptação desse plano,<br />
evitando ao máximo as pontes, fazendo-as somente quando<br />
absolutamente necessário e de madeira (Figura 54). De qualquer<br />
maneira, a nova estrada seria somente dentro da Fazenda<br />
Penedo, e nos trechos entre a fazenda e a estação, através de<br />
outras propriedades, certamente o acesso continuaria precário.<br />
Esta grande via foi o eixo principal da nova colônia, e a<br />
partir dali surgiram a vias secundárias. O próprio traçado da<br />
estrada também acompanhou o rio, fazendo uma curva, apesar<br />
de ser mantida a reta através da península onde se construíram<br />
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