A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO - UFRJ
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amamentação deveria durar de seis a sete anos, para somente<br />
depois se ter outro filho (MELKAS, 1999).<br />
Ele era contra todas as obrigatoriedades com relação ao<br />
trabalho, direito e sociedade, pois se colocava a favor das<br />
liberdades individuais, e assim achava que todas as leis,<br />
instituições sociais, educação e ciência, eram sinais de uma<br />
sociedade repressora e mentirosa, e que toda obrigação causaria<br />
revoltas. Por isso ele era contra movimentos de grupos forçados,<br />
mesmo aqueles que tinham boas intenções, como os movimentos<br />
a favor da paz (MELKAS, 1999).<br />
Para Uuskallio a agricultura era a primeira das obrigações<br />
que a natureza impunha ao homem, para a sua saúde e o<br />
desenvolvimento pessoal, e sua opinião com relação à posse de<br />
terra era que “Deus é o proprietário de toda a Terra, e ninguém<br />
tem direito de possuir parte dela” (UUSKALLIO, 1925, apud<br />
MELKAS, 1999, p.83). Esse pensamento traduz a relação que ele<br />
tinha com a questão da propriedade da terra na colônia de<br />
Penedo.<br />
Melkas (1999) diz que é difícil dizer de onde vem o seu<br />
conjunto de idéias, pois em seu primeiro livro de 1925 ele fala de<br />
seus pensamentos mais profundos, mas depois diz que os<br />
abandonou, e que a Bíblia era o único livro que ele lia, além dos<br />
livros ligados a sua profissão. O próprio Uuskallio fala de seus<br />
questionamentos ligados à religião, e à Teosofia, e de que o seu<br />
pensamento religioso e idealista foi uma das razões mais fortes<br />
para a criação de Penedo (UUSKALLIO, 1929).<br />
Nos anos de 1926 e 1927 ele fez uma série de palestras<br />
sobre alimentação saudável em reuniões da Sociedade<br />
Vegetariana Finlandesa, SVY (MELKAS, 1999), que eram<br />
organizadas por ele próprio, e nas quais também discursavam o<br />
Pastor Pennanen, Pastor Mikko Airila e Oskari Jalkio. Eles eram<br />
todos amigos, tinham idéias filosóficas parecidas como a<br />
admiração pelo sul, mas apesar disso algumas discordâncias<br />
impediram o trabalho conjunto.<br />
Melkas (1999) fala que Jalkio e Pennanen não se<br />
entendiam bem, mas Uuskallio e Pennanen eram bons amigos e<br />
tinham projetos em comum. Todos eram contra vacinas, e por<br />
conta do Brasil exigi-las para a entrada no país, Jalkio não quis<br />
se juntar ao grupo que veio ao Brasil em 1927, preferindo partir<br />
para a Jamaica, em 1928, e mais tarde para a República<br />
Dominicana, onde fundaria Viljavakka, outra colônia vegetariana<br />
com ideais muito parecidos com os de Penedo.<br />
Após 1924 Uuskallio tinha formado um círculo de amizades<br />
sobre questões ligadas ao cultivo da terra, que funcionava em<br />
Toimela, e entre os seus integrantes estava Juho Kurkki, Toivo<br />
Suni e o próprio Uuskallio. Nesse momento Uuskallio fazia<br />
cálculos para definir o tamanho de uma propriedade de terra de<br />
tamanho ideal, suficiente para alimentar uma família, chegando à<br />
conclusão de que em dois hectares se poderiam plantar legumes<br />
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