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O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

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do Estado (ib<strong>de</strong>m, p.146). Já a crítica <strong>de</strong> Marx é quanto ao caráter universal <strong>de</strong> <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> classe. Dado o antagonismo inexorável: o que sobrevir à organização econômica, isto será<br />

para a organização política. Deste ―<strong>de</strong>socultamento‖ i<strong>de</strong>ológico, Habermas parte para a<br />

dissociação psicológica que se passou na esfera pública. Ela se vê no conflito <strong>de</strong> fazer<br />

compatível a racionalida<strong>de</strong> procedimental frente à sua progressiva dilatação às classes<br />

trabalhadoras e não proprietárias.<br />

Paralelo a este fenômeno dá-se a própria mudança na comunicação social, outrora feita<br />

<strong>de</strong> um jornalismo <strong>em</strong> permanente conflito com os parlamentos recém nascidos na Europa pósrevolucionária<br />

e que agora é capturado pelo po<strong>de</strong>r econômico para criação (encenação) <strong>de</strong> um<br />

acordo (não mais <strong>uma</strong> discussão) racional da política.<br />

O aparecimento, no meio do século XIX, <strong>de</strong> movimentos operários e socialistas<br />

contribui <strong>de</strong>finitivamente para <strong>uma</strong> potencial instabilida<strong>de</strong> revolucionária que só po<strong>de</strong>rá ser<br />

contornada pela perversão do princípio da Publicida<strong>de</strong> (<strong>de</strong> ênfase procedimental) para <strong>uma</strong><br />

publicida<strong>de</strong> propagandística que mascara interesses privados nos processos ―públicos‖ – se é<br />

que não estiveram s<strong>em</strong>pre lá. Segundo Habermas, ―a Publicida<strong>de</strong> per<strong>de</strong> sua função crítica <strong>em</strong><br />

favor da função <strong>de</strong>monstrativa: mesmo os argumentos são pervertidos <strong>em</strong> símbolos, aos quais<br />

não se po<strong>de</strong>, por sua vez, respon<strong>de</strong>r com argumentos, mas apenas com i<strong>de</strong>ntificações‖ (ib<strong>de</strong>m,<br />

p. 241). O autor <strong>de</strong>nomina tal processo como ―refeudalização da esfera pública‖ –<br />

corporações gravitando <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r fundado num acordo <strong>de</strong> interesses não<br />

públicos, ou seja, não submetidos a <strong>uma</strong> discussão racional.<br />

Na primeira meta<strong>de</strong> do século XX, com os avanços nos suportes <strong>de</strong> comunicação<br />

(telégrafo s<strong>em</strong> fio, telefone, rádio e TV) – avanços estes frutos da própria concentração <strong>de</strong><br />

capital na esfera econômica -, o diagnóstico da sociologia vigente será a <strong>de</strong> <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

massa atomizada e refém <strong>de</strong> <strong>uma</strong> publicida<strong>de</strong>/propaganda que extrapola o domínio das<br />

relações econômicas e faz da própria política e também da cultura <strong>uma</strong> mercadoria a ser<br />

vendida na esfera ―pública‖.<br />

É este também o momento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> profunda alteração nas relações econômicas e na<br />

inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>stas relações (privadas) com o po<strong>de</strong>r administrativo. Habermas caracteriza<br />

tal evolução como <strong>uma</strong> ―interpenetração progressiva da esfera pública com o setor privado‖.<br />

O intervencionismo econômico, projetos <strong>de</strong> previdência pública, o reconhecimento <strong>de</strong> direitos<br />

sociais e trabalhistas, gran<strong>de</strong>s obras estatais e <strong>em</strong>presas públicas <strong>em</strong> conluio com alguns<br />

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