O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

―qualidades procedimentais‖ na formação da opinião pública. E dada a caracterização da
esfera pública como um espaço não físico - a ponto de o autor representar tal categoria como
uma ―rede adequada para a comunicação de conteúdos‖ (idem, p. 92) capaz de filtrar e
sintetizar os argumentos das instâncias mais simples da vida cotidiana; e tal processo de
síntese é uma espécie de generalização do argumento até que ele se torne impessoal, ou seja,
não mais ligado a uma situação particular, mas a uma abstrata e universal vontade política
(agora sim, pública) - Habermas teoriza uma espécie de comunicação ―sem sujeito‖.
Esta longa viagem acerca mudança estrutural da esfera pública e da mudança de
perspectiva teórica de seu principal autor não é sem motivo. Como argumentado no início do
capítulo, se não entendermos o que se passou na esfera pública e suas próprias instituições
(formais e informais), não entenderemos o debate acerca da Liberdade de Imprensa e as
formas, limites e peculiaridades de seu exercício; muito menos seria possível uma defesa de
tal liberdade como condição sine qua non para um Estado que se pretenda democrático. No
entanto ainda é necessário cansar o leitor com uma exploração mais especializada (mas de
forma nenhuma exaustiva) acerca das características da transformação evolutiva de um
paradigma constitucional Liberal para uma forma mais complexa e sofisticada do Estado
democrático de Direito. Ainda depois disso, faremos revista de algumas teorias da democracia
que tem tido grande aceitação em nossos dias. Ao final do trabalho, o leitor se convencerá que
esta aparente ―fuga‖ do nosso tema contribuiu de forma cabal para que, se não resolvida a
questão sobre o conteúdo da Liberdade de Imprensa, pelo menos clareamos um pouco as
posições em conflito e suas respectivas fontes doutrinárias.
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