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O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

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INTRODUÇÃO<br />

Em 1819, a capital francesa - e própria se<strong>de</strong> dos i<strong>de</strong>ais revolucionários burgueses - fazia<br />

um balanço dos resultados da revolução. Alguns queriam a irreversibilida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r popular;<br />

outros se at<strong>em</strong>orizavam com a instabilida<strong>de</strong> dos últimos trinta anos. Neste cenário, Benjamim<br />

Constant proferia seu discurso contra o jacobinismo panfletário. Apesar <strong>de</strong> a busca dos i<strong>de</strong>ais<br />

clássicos ser a marca da Renascença e <strong>de</strong> toda a guinada intelectual iluminista que se seguiu<br />

<strong>de</strong>la, Constant diagnosticava que algo na própria estrutura da história do ―mundo europeu‖<br />

havia mudado, tornando <strong>uma</strong> das mais marcantes características do período clássico avessa às<br />

novas práticas da Europa burguesa:<br />

Perguntai-vos primeiro, Senhores, o que <strong>em</strong> nossos dias um inglês, um francês, um<br />

habitante dos Estados Unidos da América enten<strong>de</strong>m pela palavra liberda<strong>de</strong>.<br />

É para cada um o direito <strong>de</strong> não se submeter senão às leis, <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r ser preso,<br />

n<strong>em</strong> <strong>de</strong>tido, n<strong>em</strong> con<strong>de</strong>nado, n<strong>em</strong> maltratado <strong>de</strong> nenh<strong>uma</strong> maneira, pelo efeito da<br />

vonta<strong>de</strong> arbitrária <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> vários indivíduos. É para cada um o direito <strong>de</strong> dizer<br />

sua opinião, <strong>de</strong> escolher seu trabalho e <strong>de</strong> exercê-lo; <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>,<br />

até <strong>de</strong> abusar <strong>de</strong>la; <strong>de</strong> ir e vir, s<strong>em</strong> necessitar <strong>de</strong> permissão e s<strong>em</strong> ter que prestar<br />

conta <strong>de</strong> seus motivos ou <strong>de</strong> seus passos. (CONSTANT, 1985, p. 01)<br />

Já sobre a liberda<strong>de</strong> daqueles que viveram a época aura da <strong>de</strong>mocracia ateniense e da<br />

República romana, e que tanto inspiraram a burguesia nascente e revolucionária, Constant<br />

contrapõe:<br />

Esta última consistia <strong>em</strong> exercer coletiva, mas diretamente, várias partes da<br />

soberania inteira, <strong>em</strong> <strong>de</strong>liberar na praça pública sobre a guerra e a paz, <strong>em</strong> concluir<br />

com os estrangeiros tratados <strong>de</strong> aliança, <strong>em</strong> votar as leis, <strong>em</strong> pronunciar<br />

julgamentos, <strong>em</strong> examinar as contas, os atos, a gestão dos magistrados; <strong>em</strong> fazê-los<br />

comparecer diante <strong>de</strong> todo um povo, <strong>em</strong> acusá-los <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos, <strong>em</strong> con<strong>de</strong>ná-los ou <strong>em</strong><br />

absolvê-los; mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po que consistia nisso o que os antigos chamavam<br />

liberda<strong>de</strong>, eles admitiam, como compatível com ela, a submissão completa do<br />

indivíduo à autorida<strong>de</strong> do todo. (i<strong>de</strong>m)<br />

As idéias <strong>de</strong> J. Jacques Rousseau estavam na mira <strong>de</strong> Constant, que via no afã<br />

revolucionário mais radical <strong>uma</strong> total incongruência com o novo mo<strong>de</strong>lo social nascido do<br />

encontro <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> capitalista e organizada politicamente pelos i<strong>de</strong>ais<br />

iluministas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>mocracia.<br />

Pouco mais <strong>de</strong> dois séculos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> inaugurada pela Revolução Francesa<br />

discussões e comentários do tipo dos <strong>de</strong> Benjamim Constant ainda são usuais quando se trata<br />

<strong>de</strong> qualquer matéria relacionada à filosofia política. Juristas, intelectuais, políticos e todos os<br />

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