20.01.2015 Views

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

. As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e econômicas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> satisfazer a duas condições: primeiro,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar ligadas a posições e cargos abertos a todos, <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong><br />

eqüitativa <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s; e, segundo, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> proporcionar o maior benefício aos<br />

m<strong>em</strong>bros menos favorecidos da socieda<strong>de</strong>. (RAWLS apud MAGALHÃES, 2003,<br />

p.09)<br />

O primeiro princípio já é conhecido da tradição liberal e dá ênfase à igualda<strong>de</strong> política.<br />

Já o segundo princípio consagra <strong>uma</strong> idéia bastante difundida nas <strong>de</strong>mocracias mo<strong>de</strong>rnas que<br />

é a Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Rawls classifica seus dois princípios como razoáveis porque<br />

dão marg<strong>em</strong> suficiente para que <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolva diferentes concepções morais<br />

acerca do b<strong>em</strong> ancoradas <strong>em</strong> <strong>uma</strong> concepção política <strong>de</strong> justiça – não metafísica. Rawls t<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> mente a reconstrução do Liberalismo Político não mais <strong>em</strong> bases éticas n<strong>em</strong> <strong>em</strong> bases<br />

utilitaristas, mas sim com base <strong>em</strong> um consenso sobreposto a todos os dissensos morais das<br />

socieda<strong>de</strong>s cont<strong>em</strong>porâneas (MAGALHÃES, 2003).<br />

Rawls não é um teórico da <strong>de</strong>mocracia. Ele não sugere alg<strong>uma</strong> nova formatação<br />

institucional ou social para a socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea. Apenas sugere que <strong>uma</strong> comunida<strong>de</strong><br />

política cooperativa resolva seus conflitos distributivos e morais com base <strong>em</strong> <strong>uma</strong> concepção<br />

política <strong>de</strong> justiça que seja razoável e compatível com as próprias diferenças. O Liberalismo<br />

<strong>de</strong> Rawls é compatível com o Republicanismo clássico, mas não com o h<strong>uma</strong>nismo cívico e<br />

seu forte caráter ético (MAGALHÃES, 2003; MELO, 2002). Suas idéias também serviram <strong>de</strong><br />

lastro para que se <strong>de</strong>senvolvess<strong>em</strong> argumentos <strong>em</strong> prol da ação do Estado como promotor da<br />

igualda<strong>de</strong> entre os cidadãos. Isso porque seria legítima a ação do Estado <strong>em</strong> busca da<br />

satisfação do segundo princípio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que respeitado o primeiro princípio. O valor axiológico<br />

da concepção <strong>de</strong> Rawls também influenciou bastante as idéias acerca dos princípios<br />

norteadores do Estado D<strong>em</strong>ocrático <strong>de</strong> Direito cont<strong>em</strong>porâneo (apresentados na seção<br />

anterior).<br />

Juntamente com a crítica <strong>de</strong> Rawls quanto ao vácuo axiológico do Liberalismo<br />

clássico e a forte eticida<strong>de</strong> do Republicanismo, <strong>de</strong>senvolveu-se ao final do século XX <strong>uma</strong><br />

nova concepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia. Trata-se da teoria Deliberativa e seu principal autor é Jürghen<br />

Habermas. Alg<strong>uma</strong>s das idéias <strong>de</strong>ste filósofo já foram expostas na primeira seção <strong>de</strong>ste<br />

capítulo e o leitor <strong>de</strong>ve ter percebido que a própria teoria da esfera pública se confun<strong>de</strong> um<br />

pouco com os princípios da D<strong>em</strong>ocracia. A igualda<strong>de</strong> entre os cidadãos e sua liberda<strong>de</strong> para o<br />

confronto racional (o uso da razão pública) é a própria <strong>de</strong>finição da esfera pública e a própria<br />

condição sine qua non da <strong>de</strong>mocracia.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!