20.01.2015 Views

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar que a diss<strong>em</strong>inação das idéias tenha<br />

as conseqüências que possa vir a ter, sejam elas quais for<strong>em</strong>, e tenham até mesmo<br />

conseqüências nocivas para a liberda<strong>de</strong> positiva. (DWORKIN, 2006, p.355)<br />

Ao reconhecer a potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ―conseqüências nocivas para a liberda<strong>de</strong> positiva‖,<br />

Dworkin está tratando daquilo que <strong>de</strong>nominamos ―reconhecimento social‖ que alguns grupos<br />

ou idéias necessitam e reclamam perante a comunida<strong>de</strong>; e também quanto à probl<strong>em</strong>ática que<br />

Fiss relacionava ao ―efeito silenciador do discurso‖. Mas parece que Dworkin simplesmente<br />

diz que nada po<strong>de</strong> ser feito. E caso houvesse alg<strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong>, ainda sim nada <strong>de</strong>veria ser<br />

feito, já que a primeira <strong>em</strong>enda não visaria o controle <strong>de</strong> conseqüências das mensagens –<br />

sendo exceção apenas o “clear and present danger” (perigo claro e imediato).<br />

É contra esta visão que Owen Fiss abre fogo. O probl<strong>em</strong>a do discurso racista, do livre<br />

financiamento <strong>de</strong> campanhas e dos <strong>de</strong>fensores da livre pornografia é que seus efeitos práticos<br />

- longe da teoria constitutiva e seu alto grau abstrativo e axiológico – consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> gerar um<br />

ambiente <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong> no qual o <strong>de</strong>bate se torna quase impossível, dado que as ofensas<br />

teriam o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> silenciar (às vezes expulsar) <strong>de</strong>terminadas manifestações.<br />

Porém, até contra o tal efeito silenciador ou <strong>de</strong>turpação do reconhecimento social<br />

Dworkin faz objeções:<br />

Porém, não existe contradição nenh<strong>uma</strong> <strong>em</strong> insistir <strong>em</strong> que toda idéia <strong>de</strong>ve ter a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser ouvida, mesmo aquela que t<strong>em</strong> por conseqüência fazer com que<br />

outras idéias sejam mal compreendidas, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas ou mesmo silenciadas, na<br />

medida <strong>em</strong> que os que po<strong>de</strong>riam expressá-las não controlam sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

pública e portanto não po<strong>de</strong>m ser vistos pelos outros como gostariam <strong>de</strong> ser. S<strong>em</strong><br />

dúvida essas conseqüências são muito in<strong>de</strong>sejáveis e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser combatidas por<br />

todos os outros meios autorizados por nossa Constituição. (i<strong>de</strong>m, p.357).<br />

É difícil discordar <strong>de</strong>sta proposição Dworkiana <strong>de</strong> que as pessoas não têm controle<br />

sobre a imag<strong>em</strong> que as outras pessoas têm <strong>de</strong>las (e isto vale também para grupos sociais). No<br />

entanto, esta argumentação não é suficiente para a conclusão <strong>de</strong> qualquer coisa parecida com<br />

o direito <strong>de</strong> ofen<strong>de</strong>r; ou o direito <strong>de</strong> fazer críticas <strong>de</strong>sproporcionais se valendo <strong>de</strong> valores que<br />

não são constitutivos.<br />

A argumentação libertária e a <strong>de</strong> Dworkin se gabam <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> representantes da<br />

melhor tradição do pensamento liberal. Val<strong>em</strong>-se <strong>de</strong> todos os argumentos possíveis para que<br />

não se dê ao Estado a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solapar a autonomia individual. No entanto, o tipo <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong> civil que têm <strong>em</strong> mente está mais para qualquer coisa bárbara e selvag<strong>em</strong> do que<br />

56

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!