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O conceito de Liberdade de Imprensa em uma Democracia Moderna

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convicções racionalmente motivadas) são incompatíveis, ao menos fora dos<br />

domínios <strong>de</strong> ação regulados pela tradição e pelos costumes. (i<strong>de</strong>m, p.45)<br />

O direito positivo mo<strong>de</strong>rno promoverá <strong>de</strong> forma institucionalizada a integração das<br />

dimensões <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> e facticida<strong>de</strong> que já não po<strong>de</strong>m mais se ancorar nas formas tradicionais<br />

do direito consuetudinário. As tentativas contratualistas <strong>de</strong> Locke e Rousseau iniciam o rumo<br />

às teorias <strong>de</strong>mocráticas que se <strong>de</strong>bruçarão sobre o exercício do po<strong>de</strong>r legitimado pelas<br />

expectativas dos próprios agentes (indivíduos). A fundamentação <strong>de</strong> Habermas é <strong>de</strong> matriz<br />

Kantiana, mas troca a razão prática (orientada por fins estratégicos) pela razão comunicativa -<br />

esta sim capaz <strong>de</strong> erigir um ambiente normativo estável e seguro para o exercício daquela<br />

razão estratégica (SILVA, 2001).<br />

Reconciliados sociologicamente o sist<strong>em</strong>a político e os ―mundos da vida‖ (que t<strong>em</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong> civil sua manifestação institucional mais próxima), só restou à Habermas voltar ao<br />

<strong>de</strong>bate acerca da esfera pública (elo entre socieda<strong>de</strong> civil e sist<strong>em</strong>a político) e reconhecer que<br />

não necessariamente a ―mudança estrutural‖ ocorrida implicava <strong>em</strong> sua <strong>de</strong>cadência. O<br />

filósofo reconhece o potencial explosivo <strong>de</strong> grupos organizados fora do sist<strong>em</strong>a político, mas<br />

com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer pressão sobre ele e ganhar a visibilida<strong>de</strong> proporcionada pelas<br />

novas tecnologias da Comunicação. Talvez Habermas tenha se impressionado com os<br />

movimentos <strong>de</strong> ruptura moral e cultural <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados no mundo <strong>de</strong>senvolvido (Europa e<br />

EUA), tais como: o f<strong>em</strong>inismo, ecologismo, o maio <strong>de</strong> 68, as <strong>de</strong>fesas intransigentes dos<br />

direitos h<strong>uma</strong>nos etc. O diagnóstico <strong>de</strong> <strong>uma</strong> esfera pública <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte não bate com estas<br />

formas sintomáticas <strong>de</strong> ativismo.<br />

Gomes (2008) aponta que a mudança estrutural (referente ao alcance dos suportes <strong>de</strong><br />

comunicação) gerou <strong>uma</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> midiática que, ainda que carregue <strong>em</strong> si<br />

um tipo pervertido <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, é capaz <strong>de</strong> dar amplitu<strong>de</strong> a várias questões controversas e,<br />

ao expô-las, gerar um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate (não do tipo face a face) que constrange os atores do<br />

sist<strong>em</strong>a político e administrativo a se explicar<strong>em</strong> perante a socieda<strong>de</strong> (Accountability). ―A<br />

comunicação <strong>de</strong> massa t<strong>em</strong> a ver com ambas as coisas: a discutibilida<strong>de</strong>... e a visibilida<strong>de</strong>‖<br />

(i<strong>de</strong>m, p. 160). ―É a visibilida<strong>de</strong> que ancora a discutibilida<strong>de</strong> na <strong>de</strong>mocracia‖ (ib<strong>de</strong>m, p.162).<br />

Aqui, discutibilida<strong>de</strong> significa o procedimento <strong>de</strong>liberativo gerador <strong>de</strong> acordos racionalmente<br />

motivados (públicos). Repare que a dimensão pública <strong>de</strong> Habermas t<strong>em</strong> muito mais a ver com<br />

um procedimento discursivo do que a <strong>uma</strong> agregação estatística <strong>de</strong> opiniões privadas. ―Ela<br />

[opinião pública] não constitui um agregado <strong>de</strong> opiniões individuais pesquisadas <strong>uma</strong> a <strong>uma</strong><br />

ou manifestadas privadamente (HABERMAS, 2003b, p. 94). O que importa para ele são as<br />

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