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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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em um pólo industrial, comercial ou agrícola em Minas Gerais. Nada <strong>de</strong> grandioso acontecia.<br />

A cida<strong>de</strong> continuava com uma vida pacata que, segundo Viana Ribeiro, lembrava a época que<br />

Marília <strong>de</strong> Dirceu ficava “aos oitenta anos acocorada a um canto em um estrado colonial,<br />

fiando numa roca fio grosso para um tecido vulgar” 6<br />

Como uma cida<strong>de</strong> construída no período <strong>de</strong> colonização do Brasil pelos portugueses<br />

e que surgiu da exploração do ouro do leito <strong>de</strong> seus rios sofreu com o impacto das idéias sobre<br />

cida<strong>de</strong> Ouro Preto era a capital da província 7 <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII, com<br />

uma economia forte, dinâmica, uma elite muito rica e po<strong>de</strong>rosa que conseguia se contrapor ao<br />

governo central, uma estrutura social que possibilitava uma gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> entre os<br />

grupos sociais, qualquer um po<strong>de</strong>ria trocar <strong>de</strong> situação da noite pro dia, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da lavra<br />

que a sorte ou sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências lhe daria, e escravos se alforriavam com mais facilida<strong>de</strong><br />

que na região açucareira. Uma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> toda sua arquitetura foi construída seguindo os<br />

padrões coloniais, sua igrejas, casarões, as casas dos populares, a cida<strong>de</strong> transpira um ar<br />

colonial (não é à toa que ela é consi<strong>de</strong>rada hoje um mo<strong>de</strong>lo representativo <strong>de</strong> arquitetura<br />

colonial mineira).<br />

O relevo montanhoso – a cida<strong>de</strong> fica no início da Serra do Espinhaço, um dos<br />

divisores <strong>de</strong> águas do território brasileiro e on<strong>de</strong> os geógrafos <strong>de</strong>nominaram <strong>de</strong> mares <strong>de</strong><br />

morros – <strong>de</strong>terminou que o traçado urbano não seguisse os padrões vigentes nos burgos<br />

europeus, mas outra lógica. As casas, ruas, igrejas e prédios públicos seguiam o traçado<br />

imposto pelo relevo aci<strong>de</strong>ntado. O contato com as idéias <strong>de</strong> urbanismo vigentes na Europa no<br />

século XIX, trouxe às elites mineira e local um impasse: Como construir uma larga e reta<br />

avenida sobre morros Ou pior ainda: Como mudar a lógica do espaço urbano <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong><br />

toda, tendo que dominar a natureza e racionalizar a dispersão das ruas Esses são alguns<br />

problemas que alguns dos moradores da cida<strong>de</strong> enfrentavam neste momento, e que viria a se<br />

complicar ainda mais com a Proclamação da República. Como o presi<strong>de</strong>nte da Câmara <strong>de</strong><br />

vereadores Diogo <strong>de</strong> Vasconcelos salientou, neste momento a cida<strong>de</strong> tornou-se um símbolo<br />

do atraso mineiro; o progresso batia à porta, mas era como se a cida<strong>de</strong> colonial não se<br />

a<strong>de</strong>quasse ao “futuro grandioso” reservado para Minas Gerais no rol dos gran<strong>de</strong>s estados<br />

brasileiros, mais especificamente São Paulo, e ao lado das gran<strong>de</strong>s nações européias. 8 Foi<br />

6 MICP – Treze <strong>de</strong> Março, ano 01, n° 11, Ouro Preto, 01 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1895.<br />

7 A palavra “província” será utilizada para <strong>de</strong>signar o estado <strong>de</strong> Minas Gerais até o período republicano. Esta<br />

terminologia será mudada com a nova constituição <strong>de</strong> 1891, tendo como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> divisão administrativa do<br />

país o mo<strong>de</strong>lo presi<strong>de</strong>ncialista dos Estados Unidos, passado a ser <strong>de</strong>nominada pelo termo “estado” e que vigora<br />

até os dias atuais.<br />

8 Livro <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> ofícios e portarias expedidas pela Câmara Municipal (Correspondência do Dr. Diogo Luiz<br />

<strong>de</strong> Almeida Pereira <strong>de</strong> Vasconcelos), 1892-1893, APMOP, n° <strong>de</strong> tombo 0950, caixa 20, L 8, pp. 178v – 182. (Na

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