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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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62<br />

Cola, o fertilizante químico. 145 Esses são apenas alguns dos inventos e <strong>de</strong>scobertas feitos pela<br />

ciência durante o século XIX, além dos muitos outros que não citei.<br />

No dia 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1881, o engenheiro formado pela <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

Chrispiniano Tavares, em sua “Sessão Científica” do jornal ouropretano A Or<strong>de</strong>m, criticaria a<br />

atitu<strong>de</strong> adotada no país que ele tomou a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> machinomania. Ele utilizou<br />

uma metáfora para explicar a sua idéia:<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong> mineração, e a idéia que assoma ao espírito <strong>de</strong> todos é a<br />

<strong>de</strong> compra <strong>de</strong> máquinas. Ora isto é um erro manifesto que felizmente há <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparecer com o combate enérgico que lhe apresenta o ensino da <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

<strong>de</strong> Ouro Preto. A máquina é sem duvida um auxiliar po<strong>de</strong>roso, mas só <strong>de</strong>pois que se<br />

torna necessária a sua aplicação. 146<br />

E continua <strong>de</strong>senvolvendo a idéia citando o exemplo da empresa Caçapava que havia<br />

falido por não seguir o princípio acima. Os dirigentes da empresa enviaram uma pessoa à<br />

Europa para comprar aparelhos que nunca foram utilizados, fato que levou a sua falência.<br />

Para Tavares, a <strong>de</strong>cisão da compra <strong>de</strong> máquinas para qualquer fim <strong>de</strong>veria “nascer <strong>de</strong> uma<br />

administração técnica rigorosa”, caso contrário os resultados seriam catastróficos. A metáfora<br />

da empresa <strong>de</strong> mineração faz alusão ao aprofundamento no solo que esta ativida<strong>de</strong> requer.<br />

Caso não fosse feito alguma coisa – o que o ensino ministrado na escola <strong>de</strong> Minas contribuiria<br />

para resolver esse problema – a situação sempre se complicaria, já que o buraco cada vez<br />

ficaria maior e mais profundo, tornando cada vez mais difícil sair <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le.<br />

Somando-se às invenções citadas, tem-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas e saberes<br />

que culminariam no nascimento do urbanismo no início do século XX. No século XVIII<br />

muitos pensadores escreveram <strong>texto</strong>s sobre cida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais ou utópicas, que se <strong>de</strong>senvolveriam<br />

em viagens imaginárias e outras que eram projetadas para existirem apenas no futuro. No<br />

século XIX essas projeções, em sua maioria, tiveram a intenção <strong>de</strong> conciliar as relações entre<br />

classes sociais, com uma maior rentabilida<strong>de</strong> do trabalho para os patrões, mas que não fosse<br />

exaustivo para os empregados. Diferentemente dos projetos antecessores, foram fundadas<br />

várias cida<strong>de</strong>s industriais i<strong>de</strong>ais na Europa e Estados Unidos com a aplicação <strong>de</strong>ssas idéias.<br />

145 SEVCENKO, N. Introdução. O prelúdio republicano, astúcias da or<strong>de</strong>m e ilusões do progresso. In: ______<br />

(org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, pp. 9-10. COSTA, A. M. da<br />

& SCHWARZ, L. M. 1890-1914: No tempo das certezas. São Paulo: Companhias das Letras, 2000, pp. 159-60.<br />

146 MICPOP – Nação, A (Órgão do Partido Conservador, jornal político, literário e noticioso), ano 02, n° 29,<br />

Ouro Preto, 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1881.

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