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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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52<br />

Tão elevados empenhos da província com relação às subvenções e garantias <strong>de</strong> juros<br />

às estradas <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>spertar a todos serias apreensões, convidando a refletir<br />

sobre as conseqüências inevitáveis <strong>de</strong> tão larga liberalida<strong>de</strong> e confiança da parte dos<br />

po<strong>de</strong>res públicos provinciais, se não for corrigido esse estado <strong>de</strong> coisas por medidas<br />

acertadas. 125<br />

Des<strong>de</strong> as primeiras concessões, os políticos mineiros vinham alertando sobre a<br />

possível crise financeira que a autorização <strong>de</strong>scontrolada <strong>de</strong> concessões para a construção <strong>de</strong><br />

ferrovias po<strong>de</strong>ria gerar nas finanças públicas. Aparentemente, todas as repreensões feitas por<br />

vários presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> província e secretários <strong>de</strong> pastas sobre esse problema foram <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong><br />

lado. Argumentava-se que Minas Gerais não po<strong>de</strong>ria ser igual os Estados Unidos “que por via<br />

<strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> ferro, colonizara os seus <strong>de</strong>sertos e fertilizara terras, on<strong>de</strong> o trabalho do homem<br />

civilizado era <strong>de</strong>sconhecido.” Os mineiros <strong>de</strong>veriam ter os pés no chão e consciência <strong>de</strong> que<br />

naquele país existiam condições que em Minas não eram realida<strong>de</strong>, como a abundância <strong>de</strong><br />

capitais, a imigração “espontânea, ativa, inteligente” que inundava as cida<strong>de</strong>s litorâneas, “e<br />

nessas condições bem podia a América do Norte confiar na força criadora da locomotiva. Mas<br />

entre nós po<strong>de</strong>-se contar com os milagres americanos”<br />

Para Gonçalves Chaves, a situação <strong>de</strong> Minas Gerais era muito mais complicada que<br />

nos Estados Unidos. A província era carente <strong>de</strong> capitais e os que se conseguia atrair era com a<br />

garantia <strong>de</strong> altos juros. A população não era abundante, sendo “pouco habituada ao trabalho e<br />

atrofiada em seu <strong>de</strong>senvolvimento industrial por processos rotineiros e emprego <strong>de</strong><br />

instrumentos rudimentares”. Todo esse complicador em relação à população era conseqüência<br />

da qualida<strong>de</strong> das pessoas que compunham a socieda<strong>de</strong> mineira, que tinha como principal<br />

força <strong>de</strong> trabalho a mão-<strong>de</strong>-obra escrava, uma classe <strong>de</strong> pessoas que comumente era<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> bárbara. Com todos esses problemas, que iam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os econômicos até a<br />

população, não era “lícito esperar esses brilhantes resultados dos caminhos <strong>de</strong> ferro” e ele via<br />

que a província era obrigada a fazer investimentos com dinheiro do tesouro público, e era esta<br />

a atitu<strong>de</strong> do governo, já que “Nenhuma estrada <strong>de</strong> ferro importante entre nós tem-se<br />

construído sem o auxílio dos cofres provinciais”.<br />

Os benefícios que os caminhos <strong>de</strong> ferro produziam eram gran<strong>de</strong>s, mas traziam um<br />

ônus aos cofres públicos incalculável. Gonçalves Chaves não saberia calcular o impacto que<br />

teria se todas as empresas subvencionadas entrassem em execução e cobrassem os juros<br />

garantidos nos contratos, mas uma coisa era certa, “traria inevitavelmente assombroso<br />

crescimento <strong>de</strong> nossa dívida consolidada e o correspon<strong>de</strong>nte aumento das <strong>de</strong>spesas ordinárias<br />

125 I<strong>de</strong>m.

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