Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG
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127<br />
cronista, Ouro Preto ainda continuava <strong>de</strong>itada aos pés das montanhas adormecida. Mas será<br />
que a inauguração do ramal ferroviário não trouxe nenhuma contribuição para a cida<strong>de</strong> Neste<br />
terceiro capítulo pretendo tratar <strong>de</strong> algumas mudanças e permanências que a Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />
D. Pedro II propiciou para a cida<strong>de</strong>.<br />
3.1 – A circulação <strong>de</strong> doenças<br />
Des<strong>de</strong> os primórdios da ocupação do território mineiro os caminhos possuíam uma<br />
gran<strong>de</strong> importância estratégica. Os primeiros foram abertos pelos paulistas que, em busca <strong>de</strong><br />
índios para o apresamento e <strong>de</strong> ouro, iam entrando rumo ao interior do território inexplorado<br />
pelo homem branco. Esses caminhos <strong>de</strong>veriam ser extremamente complexos, sendo formados<br />
por múltiplas trilhas que foram se efetivando com o passar do tempo como rotas <strong>de</strong>finitivas.<br />
Além das rotas estabelecidas via São Paulo, o abastecimento da região mineradora também<br />
era feito por um caminho vindo do norte, interligando as minas até a Bahia, e outro vindo do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro. Esta última, inicialmente, era feita por terra e mar, mas o medo e o perigo <strong>de</strong><br />
saque enfrentado pelo transporte marítimo levou a coroa portuguesa a realizar a abertura da<br />
“primeira gran<strong>de</strong> via <strong>de</strong> penetração no sertão”. 334<br />
Por volta <strong>de</strong> 1698, na gestão do governador do Rio <strong>de</strong> Janeiro Artur <strong>de</strong> Sá e Meneses,<br />
foi contratado o paulista Garcia Rodrigues Pais para a abertura <strong>de</strong> um caminho que<br />
interligasse o Rio <strong>de</strong> Janeiro à região das minas. Segundo Zemella, “A abertura <strong>de</strong>sse<br />
caminho representou uma verda<strong>de</strong>ira revolução no sistema <strong>de</strong> comunicações com as<br />
Gerais.” 335 , constituindo uma consi<strong>de</strong>rável diminuição da distância e do tempo gasto para se<br />
chegar à região. O trajeto entre as minas e São Paulo <strong>de</strong>morava a ser percorrido pelo menos<br />
dois meses; caso o viajante tomasse o “caminho velho do Rio <strong>de</strong> Janeiro” seriam necessários<br />
pelo menos quarenta e três dias. O governador Artur <strong>de</strong> Sá e Meneses afirma em uma carta<br />
que eram gastos três meses para percorrer o mesmo trajeto. Já o “caminho novo” po<strong>de</strong>ria ser<br />
percorrido em até <strong>de</strong>z dias segundo Antonil, mas o governador Antonio <strong>de</strong> Albuquerque<br />
Coelho <strong>de</strong> Carvalho, quando <strong>de</strong> sua expedição para pedir socorro ao governo mineiro pela<br />
tomada da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro pela frota <strong>de</strong> Duguay-Trounin, gastou <strong>de</strong>zessete dias. 336<br />
Na carta que Artur <strong>de</strong> Sá e Meneses enviou ao rei <strong>de</strong> Portugal em 1698, justificando a<br />
abertura <strong>de</strong> um novo caminho ligando o porto do Rio <strong>de</strong> Janeiro à região das minas, ele<br />
334 ZEMELLA, M. P. O abastecimento da capitania das Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: HUCITEC:<br />
EDUSP, 1990, pp. 115-17.<br />
335 I<strong>de</strong>m., ibi<strong>de</strong>m., p. 119.<br />
336 I<strong>de</strong>m., ibi<strong>de</strong>m., p. 120.