Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG
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140<br />
Para o mesmo caso Jorge atribui uma seqüência diferente <strong>de</strong> fatos. O jornal Cida<strong>de</strong><br />
do Rio estava aos encargos <strong>de</strong> Luis Murat, porém foi idéia do seu amigo, Olavo Bilac, <strong>de</strong> se<br />
publicar uma edição que atacasse ferozmente Floriano e antes que o jornal entrasse em<br />
circulação eles fugiriam. Aos dois se juntou Guimarães Passos e começaram a escrever os<br />
artigos atacando o presi<strong>de</strong>nte com expressões como ladrão, covar<strong>de</strong> e assassino. Logo que o<br />
jornal entrou na máquina para a impressão, Guimarães e Murat embarcaram em navios<br />
estrangeiros atracados no porto do Rio <strong>de</strong> Janeiro e Bilac tomou o trem para Minas Gerais.<br />
Algumas horas <strong>de</strong>pois que o jornal saiu nas ruas a polícia invadiu a redação do jornal e<br />
pren<strong>de</strong>u o seu gerente. Bilac foi para Minas Gerais em novembro <strong>de</strong> 1893, já que o estado não<br />
entrava no estado <strong>de</strong> sítio <strong>de</strong>cretado por Floriano e escolheu a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto para o seu<br />
período <strong>de</strong> exílio. 368<br />
Após um período <strong>de</strong> estada em Ouro Preto, Bilac acabou fazendo algumas<br />
inimiza<strong>de</strong>s e teve que fugir para Juiz <strong>de</strong> Fora. Nesta época, o escritor Carlos Magalhães <strong>de</strong><br />
Azeredo também estava exilado em Juiz <strong>de</strong> Fora, mas antes havia passado por São João Del<br />
Rei. Os dois escreveram em colaboração o romance Sanatorium, tendo como cenário a cida<strong>de</strong><br />
mineira <strong>de</strong> São Bernardo. Cida<strong>de</strong> imaginária, fusão <strong>de</strong> Ouro Preto, on<strong>de</strong> estivera Bilac, e <strong>de</strong><br />
São João Del Rei, que noutra carta a Machado <strong>de</strong> Assis, dissera Magalhães <strong>de</strong> Azeredo ter<br />
‘clima aconselhado para as moléstias do peito’. Nesse romance, os dois autores se retratariam,<br />
um sob o nome <strong>de</strong> Olívio Bivar, o outro sob o <strong>de</strong> Manhães <strong>de</strong> Azevedo. Outros dois<br />
biógrafos, Jorge e Pontes, não citam a participação <strong>de</strong> Magalhães <strong>de</strong> Azeredo na elaboração<br />
da obra. 369<br />
Sanatorium foi escrito em Minas Gerais e publicado inicialmente na Gazeta <strong>de</strong><br />
Notícias em folhetins, sendo assinada por Jaime <strong>de</strong> Ataí<strong>de</strong>. O enredo <strong>de</strong>corre em Ouro Preto<br />
por ocasião <strong>de</strong> Revolta da Armada. “Existe muita ironia e sarcasmo na história que o poeta<br />
narra. Os personagens são caricaturescos: Olívio Bivar, indivíduo bastante míope, feíssimo, é<br />
o próprio Olavo Bilac; Vicentim <strong>de</strong> Guimarães, rapaz magro e pálido, é o seu querido amigo<br />
Valentim Guimarães.” “Este romance, na essência, constitui uma sátira contra os tipos e<br />
costumes <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> provinciana. Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rá-lo, da mesma forma, um mero<br />
divertimento literário.” 370<br />
No início do romance o jovem Álvaro Cândido comunica efusivamente aos amigos<br />
que havia <strong>de</strong>scoberto a sua vocação para “autor dramático”. E continua: “Vou escrever uma<br />
368 JORGE, F. op. cit., pp. 234-38.<br />
369 MAGALHÃES JUNIOR, R. op. cit., p. 163; JORGE, F. op. cit.; PONTES. E. A vida exuberante <strong>de</strong> Olavo<br />
Bilac. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria José Olympio, 1944, vol. I e II.<br />
370 JORGE, F. op. cit., pp. 246-7.