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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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para impulsionar uma locomotiva, já que não havia nenhum uso “<strong>de</strong>sse maravilhoso e<br />

misterioso agente que não tenha sido perfeitamente estudado.” 79<br />

O autor acredita que a principal dificulda<strong>de</strong> enfrentada por “essa promissora fonte <strong>de</strong><br />

energia” eram os altos custos <strong>de</strong> sua produção, que ainda não tinham sido resolvidos. Mas a<br />

expectativa era que, com o rápido <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, não <strong>de</strong>moraria muito para<br />

que isso acontecesse. Para a sua aplicação em locomotivas, diferente da sua utilização nos<br />

bon<strong>de</strong>s que transportam uma carga não tão pesada, era necessário o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

motor capaz <strong>de</strong> realizar o trabalho exigido no transporte <strong>de</strong> cargas e passageiros. A máquina<br />

<strong>de</strong>senvolvida “promete verda<strong>de</strong>iro sucesso”, já que foi exposta na frente <strong>de</strong> quase cem<br />

pessoas entendidas no assunto, e a “opinião geral foi satisfação pelo perfeito êxito.”<br />

As próximas informações fornecidas pelo artigo fogem ao alcance do leitor comum,<br />

como <strong>de</strong>monstrado na sessão anterior. A concatenação das palavras visa <strong>de</strong>monstrar a<br />

grandiosida<strong>de</strong> da nova invenção. Não importa o quanto equivalha uma libra ou <strong>de</strong> uma<br />

tonelada em quilos, muito menos o quanto <strong>de</strong> energia um cavalo-força representa, é a<br />

informação quantitativa que se torna interessante. São os 43.000 (libras) ou os 100 (cavalosforça)<br />

que importam. Se uma pessoa diz que possui um computador com um processador <strong>de</strong><br />

500 megahertz o impacto no ouvinte é um, se diz que possui um com 2.600 megahertz o<br />

impacto sobre o ouvinte é outro. O aumento do valor numérico provoca um impacto maior.<br />

Não importa se o leitor <strong>de</strong>tém o conhecimento <strong>de</strong> informática para saber o que o processador<br />

faz ou o quanto representa um megahertz, ou o que é, a escala numérica é o dado mais<br />

importante. Da mesma forma, um leitor que possua noção numérica sabe que 43.000 unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> alguma coisa representam uma quantida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável. A não conversão das escalas <strong>de</strong><br />

medida para a realida<strong>de</strong> brasileira, po<strong>de</strong> ter sido uma estratégia adotada pelo autor, para<br />

explorar a falta <strong>de</strong> conhecimento do leitor e aumentar o impacto provocado.<br />

Durante o final do século XIX em Ouro Preto, as pessoas não possuíam um contato<br />

muito gran<strong>de</strong> com noções e sensações <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>. A vida seguia o ritmo das carroças,<br />

carruagens, cavalos, mulas <strong>de</strong> carga, carros <strong>de</strong> bois ou <strong>de</strong> uma caminhada a pé. Nada <strong>de</strong> muito<br />

veloz e que possuísse algum mecanismo <strong>de</strong> mensuração, como um velocímetro por exemplo,<br />

e fugia, mais ainda, da realida<strong>de</strong> cotidiana o conhecimento <strong>de</strong> que a velocida<strong>de</strong> era calculada<br />

através da divisão entre a variação do espaço pelo tempo transcorrido entre o início e o fim do<br />

79 MICP – O Estado <strong>de</strong> Minas, ano 03, n° 282, Ouro Preto, 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1892.

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