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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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158<br />

E como a ferrovia po<strong>de</strong>ria contribuir para a solução ou pelos menos amenizar este<br />

problema A comarca do Rio das Mortes 419 possuía uma posição muito importante como área<br />

<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> alimentos para o Rio <strong>de</strong> Janeiro durante o século XIX. O <strong>de</strong>sembargador<br />

José João Teixeira comentaria, no final do século XVIII, que a comarca era a “mais vistosa, e<br />

a mais abundante <strong>de</strong> toda a província em produção <strong>de</strong> grãos, hortaliças e frutos ordinários do<br />

País, <strong>de</strong> forma que além da própria sustentação, provê toda a província <strong>de</strong> queijos, gados,<br />

carne <strong>de</strong> porco, etc.” 420 No início da ocupação da região a ativida<strong>de</strong> agropastoril dividia as<br />

atenções com a mineração, mas a partir do século XIX e do <strong>de</strong>clínio da última a primeira<br />

passaria a ter posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. A praça comercial <strong>de</strong> São João <strong>de</strong>l Rei centralizava em<br />

gran<strong>de</strong> parte o escoamento da produção <strong>de</strong> sua região, intermediando as mercadorias<br />

produzidas nos municípios e proximida<strong>de</strong>s, vindo a <strong>de</strong>cair um pouco com a inauguração <strong>de</strong><br />

alguns ramais ferroviários na década <strong>de</strong> 1880, reduzindo um pouco a <strong>de</strong>pendência.<br />

Graça Filho <strong>de</strong>monstra que a tese da <strong>de</strong>cadência da região é equivocada, e que a<br />

região <strong>de</strong> São João <strong>de</strong>l Rei possuía uma dinâmica econômica muito gran<strong>de</strong>, sendo gran<strong>de</strong><br />

produtor <strong>de</strong> gado, mas diferentemente do sul do país as áreas produtoras não se<br />

especializaram, vindo a exportar além do gado e seus <strong>de</strong>rivados, porcos, milho, feijão, queijo,<br />

fumo, arroz, aguar<strong>de</strong>nte, etc. Existiam dois gran<strong>de</strong>s mercados consumidores para estes<br />

produtos, o Rio <strong>de</strong> Janeiro e o sul <strong>de</strong> Minas Gerais que se especializaram na produção <strong>de</strong> café.<br />

Em 1881, seria inaugurada as ativida<strong>de</strong>s da Companhia Estrada <strong>de</strong> Ferro Oeste <strong>de</strong> Minas<br />

ligando a cida<strong>de</strong> à Estrada <strong>de</strong> Ferro D. Pedro II. 421<br />

Cerca <strong>de</strong> sete anos <strong>de</strong>pois Ouro Preto estaria ligada a este gran<strong>de</strong> “celeiro” e, mesmo<br />

assim, continuava <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da produção agrícola do seu entorno, ficando a mercê da<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comerciantes que interceptavam a produção logo na sua fonte, beneficiando-se<br />

do usufruto do monopólio. Esta situação viria a se amenizar apenas em 1893. Nessa época os<br />

vereadores estavam discutindo a reforma da legislação do mercado da capital e os vereadores<br />

fizeram uma reunião com os comerciantes, os principais envolvidos, para discutir novas<br />

regras <strong>de</strong> funcionamento. As propostas discutidas neste dia tinham a função <strong>de</strong> se evitar a<br />

ação dos atravessadores, beneficiando os moradores da cida<strong>de</strong>. O vereador Antonio Netto<br />

tomando a palavra, discordava <strong>de</strong> todas as medidas propostas por estarem em completo<br />

419 Esta comarca em 1885 tinha sua se<strong>de</strong> em São João <strong>de</strong>l Rei e, além da mesma, faziam parte as seguintes<br />

cida<strong>de</strong>s: Conceição da Barra, Nazereth, Santa Rita do Rio Abaixo, São Francisco do Onça, São Gonçalo do<br />

Ibituruna, Santo Antonio do Rio das Mortes, São Gonçalo do Brumado e São Miguel do Cajuru. GRAÇA<br />

FILHO, A <strong>de</strong> A. Op. cit., p. 35.<br />

420 TEIXEIRA, Des. J. J. Instrução para o governo da Capitania <strong>de</strong> Minas Gerais – 1780. In: Revista do arquivo<br />

Público Mineiro. Belo Horizonte: s/ed., ano VIII, p. 502. Apud.: GRAÇA FILHO, A <strong>de</strong> A. Ibi<strong>de</strong>m, p. 36.<br />

421 GRAÇA FILHO, A <strong>de</strong> A. Ibi<strong>de</strong>m.

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