Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG
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literários como é para os historiadores a relação entre a história <strong>de</strong> vida das pessoas e a sua<br />
influência nas atitu<strong>de</strong>s e opiniões.<br />
Existe também o trabalho <strong>de</strong> Patrícia Vargas 13<br />
sobre a mudança que as elites<br />
mineiras e locais tentaram implementar, e aparentemente conseguiram, do entrudo para o<br />
carnaval. O trabalho preten<strong>de</strong> abranger Minas Gerais, mas <strong>de</strong>vido ao caráter da documentação<br />
utilizada, principalmente jornais <strong>de</strong> origem ouropretana, Vargas fornece algumas informações<br />
sobre este evento em Ouro Preto. Esta festa portuguesa e tradicional, <strong>de</strong> gosto popular, mas<br />
que também contava com a participação da elite, foi encarada no <strong>de</strong>correr do século XIX<br />
como algo incivilizado. Um dos brinquedos prediletos do entrudo era, além da prática comum<br />
<strong>de</strong> jogar água, as famosas bexigas. Este brinquedo não era nada mais que tripas <strong>de</strong> animais<br />
cheias <strong>de</strong> urina atiradas contra as pessoas que junto com a água as encharcavam pelas ruas da<br />
cida<strong>de</strong>. Com a introdução <strong>de</strong> novos hábitos consi<strong>de</strong>rados mais civilizados a elite achará o<br />
entrudo prejudicial para a socieda<strong>de</strong>. Vários esforços foram feitos para a introdução <strong>de</strong> uma<br />
festivida<strong>de</strong> na mesma época que a celebração do entrudo. O adotado foi o mo<strong>de</strong>lo do carnaval<br />
europeu, mais especificamente o <strong>de</strong> salão, mas as coisas não foram tão fáceis assim, como a<br />
promulgação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>creto. Mesmo sendo proibido, as práticas do entrudo ainda seriam<br />
atuadas pelas ruas da cida<strong>de</strong>, sendo que com o passar do tempo o carnaval ganhará um caráter<br />
<strong>de</strong> rua, mas sem água e bexigas.<br />
Contudo, os principais trabalhos sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto e a mudança da capital<br />
são o <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong> 14 e o <strong>de</strong> Fonseca 15 . Resen<strong>de</strong> busca <strong>de</strong>monstrar a tese <strong>de</strong> Afonso Arinos <strong>de</strong><br />
que a mudança da capital foi fruto da emersão <strong>de</strong> grupos econômicos marginais ao cenário<br />
político mineiro após a Proclamação da República, e que a escolha <strong>de</strong> Belo Horizonte teve<br />
participação muito importante dos partidários da permanência da capital em Ouro Preto. Já<br />
Fonseca trabalha principalmente com jornais <strong>de</strong> Ouro Preto e alguns <strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s;<br />
com alguma documentação produzida pela Intendência; com um livro histórico e <strong>de</strong> memórias<br />
feito por Abílio Barreto; e com o livro confeccionado para a comemoração do aniversário <strong>de</strong><br />
Bi-centenário da criação da cida<strong>de</strong>. O trabalho centra-se na resistência promovida pelos<br />
partidários da permanência da capital passando pelos argumentos econômicos e históricos<br />
utilizados pelos jornais, até às intervenções no alinhamento das casas, calçamento <strong>de</strong> ruas,<br />
13 ARAÚJO, P. V. L. <strong>de</strong>. Folganças populares: festejos <strong>de</strong> entrudo e carnaval em Minas Gerais no século XIX.<br />
Dissertação, Mestrado em História, Belo Horizonte: Departamento <strong>de</strong> História, Filosofia e Ciências Humanas da<br />
<strong>UFMG</strong>, 2000.<br />
14 RESENDE, M. E. L. <strong>de</strong>. Uma interpretação sobre a fundação <strong>de</strong> Belo Horizonte. s/ed: São Paulo, 1974, p.<br />
601.<br />
15 FONSECA, J. F. <strong>de</strong> M. Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: a resistência <strong>de</strong> Ouro Preto à mudança da capital.<br />
Dissertação, Mestrado em História, Belo Horizonte: Departamento <strong>de</strong> História, Filosofia e Ciências Humanas da<br />
<strong>UFMG</strong>, 1998.