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Ler texto - Escola de Arquitetura - UFMG

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39<br />

A ferrovia tinha um sério problema para se <strong>de</strong>senvolver em Minas Gerais. Encravada<br />

entre montanhas não possuía uma saída para o mar; estava fadada a esperar que a Estrada <strong>de</strong><br />

Ferro D. Pedro II a<strong>de</strong>ntrasse, ou pelo menos bor<strong>de</strong>jasse as suas fronteiras. Diversas províncias<br />

ensaiavam ou prontificavam caminhos pela tração à vapor, e, no entanto, “nada a respeito se<br />

consignava nas páginas do nosso expediente.” 91 Foi só em 1871 que o governo provincial<br />

autorizou a construção dos primeiros caminhos <strong>de</strong> ferro. Nesse ano, votara a Assembléia<br />

Geral o projeto <strong>de</strong> lei, sancionado em maio, conce<strong>de</strong>ndo um crédito <strong>de</strong> 20.000.000$000 para o<br />

prolongamento da Estrada <strong>de</strong> Ferro D. Pedro II até Lagoa Dourada. A 27 <strong>de</strong> março do ano<br />

seguinte, foi promulgado o <strong>de</strong>creto permitindo à Companhia Leopoldina a construção da<br />

ferrovia <strong>de</strong> Porto-Novo a Cataguases, que mais tar<strong>de</strong>, autorizada a seguir no seu traçado,<br />

terminaria em 1883 em São Geraldo, “parecendo ai tomar fôlego para subir a Serra do<br />

Prelúdio e penetrar nas uberrimas regiões do Rio Doce.” 92<br />

Dois anos <strong>de</strong>pois das primeiras autorizações, o presi<strong>de</strong>nte da província Venâncio<br />

José <strong>de</strong> Oliveira Lisboa afirmava que os caminhos <strong>de</strong> ferro eram “um po<strong>de</strong>roso elemento <strong>de</strong><br />

civilização e progresso, e muito contribuem para o <strong>de</strong>senvolvimento das indústrias, comércio<br />

e agricultura” 93 e convinha promover incentivos às empresas que se propusessem a sua<br />

construção, “ainda com alguns sacrifícios”, mas na certeza <strong>de</strong> que seriam “largamente<br />

compensados no futuro”. Mas ele lamentava que os pedidos <strong>de</strong> privilégios para construção <strong>de</strong><br />

estradas <strong>de</strong> ferro haviam se “tornado uma mania”, já que alguns dos contratos não<br />

representavam “mais do que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> possuir um patrimônio <strong>de</strong> que os concessionários<br />

retiram lucros” com as vantagens concedidas pelo governo. Estas empresas eram vistas como<br />

muito importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento da província e “dignas do acolhimento que tem<br />

merecido”, mas algumas atendiam apenas os interesses das pessoas e localida<strong>de</strong>s envolvidas,<br />

“sem benefício geral.” Sem um sentimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, fazia-se necessário a existência <strong>de</strong> um<br />

plano geral que gerenciasse a distribuição das concessões autorizadas, “em que sejam<br />

atendidos os mais importantes interesses”, e esses interesses eram os da província. A função<br />

do plano geral seria a <strong>de</strong> escolher os pontos mais convenientes para a construção das estradas<br />

<strong>de</strong> ferro, evitando que mais <strong>de</strong> uma percorresse uma mesma região, ou que se cruzassem. Isso<br />

possibilitaria o emprego dos capitais <strong>de</strong> maneira mais vantajosa e evitaria que os mesmos<br />

fossem inutilizados em regiões não lucrativas, já que a concorrência reduziria os lucros<br />

po<strong>de</strong>ndo vir até a dar prejuízos. Também contribuiria para não gerar ônus à província. Outra<br />

91 Relatório <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Província apresentado por Theophilo Ottoni em 01 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1882, p. 39.<br />

92 I<strong>de</strong>m.<br />

93 Relatório <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Província apresentado por Venâncio José <strong>de</strong> Oliveira Lisboa em 01 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1873, p. 31.

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