GUIMARÃES DUQUE: Educação Contextualizada no SemiáridoAceitação da semiaridez como vantagem: desenvolvimento de saberes e tecnologiasque proporcionem uma convivência em harmonia dos seres humanos com a natureza;Importância dos saberes locais: “os sentidos aguçados pelas induções ecológicas, ocontato mais íntimo com as dificuldades vislumbram sucessos, encontram soluçõeslocais”. (DUQUE, 2004, p. 38);Superar o autoritarismo pedagógico de transmissão de conhecimentos e tecnologiasexógenas:“As soluções alternativas, modestas, como a procura, na tendência de improvisação dopovo, de novas formas de sucesso inculcadas pelo sentir da natureza em redor em facedos desejos inatos do camponês, foram esquecidas ou desprezadas pelo técnico, que,preocupado com a artificialização do meio, julgou-se superior na compreensão e naexperiência ambiental do habitante nativo, olvidando que esse foi plasmado pelasreações, pelas emoções e pelos sacrifícios de longa vida”. (DUQUE, 2004, p. 38).Educação orientada para o contexto socioambiental Democratização: “objetivos do desenvolvimento com o esforço gigantesco dedemocratizar o ensino, de levar a instrução mais profundamente até a base da pirâmidedemográfica e de trazer as práticas científicas ao alcance do homem da rua” (DUQUE,2004, p. 112); Educação: instrumento de reabilitação da dignidade, da grandeza e das virtudes dapopulação, estimulando atitudes e aptidões de cooperação para o bem comum,atenuando a tendência competitiva e individualista; Contextualização: integração da escola na vida da comunidade, evitando auniformização dos programas escolares que desconsidera as condições regionais e omodo de vida da população local; Aprendizagem participativa: educação voltada para a realidade, superando o ensinodemasiado intelectual e deficiente de valores e distante da vivência da realidade; Universal e local: articular os avanços e acúmulos dos conhecimentos científicos com ossaberes e práticas acumuladas em cada região. Isso porque o saber universal, emconstante ebulição, tem que ser contextualizado, isso é, interpretado a partir dascaracterísticas próprias de cada local; A base da educação contextualizada para a convivência com o Semiárido:Seminário Nacional sobre Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido Brasileiro – Relatório 14
“Já era tempo de as escolas primárias, secundárias e superiores terem os seusprogramas calcados no clima da região, na aridez, no açude, na água subterrânea,nas plantas resistentes à seca, na irrigação, na conservação dos alimentos e dasforragens, nos minérios da região, na piscicultura nos lagos internos, nas plantasvaliosíssimas que dão safras com umidade escassa, no solo calcinado que produzsafras milagrosas, nos alimentos fortes da rapadura, do feijão, da carne seca, docaju, da manga, do refresco de pega-pinto, da cajuína, do pequi, do grão defaveleiro, da ameixa do umbuzeiro etc.” (DUQUE, 2001, p. 256).Transições paradigmáticas no Semiárido na atualidadeCONHECIMENTO: da fragmentação da realidade e da miopia técnica às tecnologias e saberescontextualizadosECONOMIA: da exploração socioambiental à produção apropriada no SemiáridoPOLÍTICA: do monopólio do poder à participação políticaEducação contextualizada: concepção e diretrizes Princípio político pedagógico: acesso à qualidade da educação a partir dasparticularidades climáticas e socioculturais. Concepção: “A educação contextualizada é um processo dinâmico de construção deconhecimentos e atitudes dos seres humanos, considerando o ambiente no qual estáinserido”. Finalidade: construção de uma cultura da convivência, dos seus sentidos e significadosque estão subjacentes nas diversas praticas produtivas apropriadas e nas tecnologiasalternativas. Estratégia: formar agentes (crianças, jovens e adultos) multiplicadores de novas visões,conhecimentos e práticas apropriadas ao Semiárido, explicitando suas potencialidadessem omitir as fragilidades dos seus ecossistemas.Seminário Nacional sobre Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido Brasileiro – Relatório 15