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ANO XLV - VITÓRIA-ES, QUARTA-FEIRA, 13 DE JULHO DE 2011 ...

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3303 - Diário do Poder Legislativo Vitória-<strong>ES</strong>, quarta-feira, <strong>13</strong> de julho de <strong>2011</strong>O SR. PR<strong>ES</strong>I<strong>DE</strong>NTE – (LUCI<strong>ANO</strong>REZEN<strong>DE</strong>) – Registro a presença da SenhoraIracema Almeida da Silva, presidenta da associaçãode moradores de Santa Helena e Alto São José.Todos que desejarem ser anunciados, por favor,notifiquem à assessoria desta sessão para quepossamos registrar a presença de S. S. as com muitahonra e muito carinho. (Pausa)Concedo a palavra ao Senhor Paulo Saldiva,palestrante desta noite.O SR. PAULO SALDIVA - (Sem revisão doorador) - Boa noite a todos. Para mim é uma honraenorme estar presente nesta sessão especial. Comomédico, nessa área de saúde e meio ambiente,fazemos grandes diagnósticos, mas não temosnenhuma terapêutica. A terapia está nesta Casa, ondedeve se discutir os conflitos, onde temos que resolvera política ambiental e decidir que tipo de cidadequeremos.Diferente das outras áreas de saúde, porexemplo, mostramos aos senhores que no Estado deSão Paulo onde, por ano, morrem cerca de quatro milpessoas a mais devido à poluição do ar. Para se terideia, temos mil e duzentas mortes por AIDS e cercade quinhentas mortes por tuberculose.Se eu inventasse um remédio que acabassecom a AIDS e com a tuberculose na cidade de SãoPaulo, possivelmente a Câmara Municipal deVereadores me daria a Medalha Anchieta. O problemaé quando se discute uso e ocupação do solo, política deemprego, desenvolvimento industrial, política demobilidade, nessa discussão se tem conflitos, porquenão há consenso nessa história. Quem ocupará as ruas?Transporte individual ou coletivo? Se for o coletivo,será pneu, trilho, e será movido a quê? Eletricidade,gasolina, diesel, gás, etanol? Cada decisão envolvedinheiro, da ordem de bilhões de dólares por ano. Eaí não há consenso. A única coisa que se precisa é degestão e ordenamento político. Quando o consenso nãoé atingido temos que fazer medidas que preservem amaior parte das pessoas e não somente algunssegmentos. E é esta Casa o lugar para se fazer isso: abusca do contraditório, a discussão de todos os aspectosde uma questão.Pretendo falar por trinta e cinco minutos, poisé o tempo que as pessoas podem ouvir sem que oespírito abandone o corpo, e tenhamos uma viagemastral. Procurarei dar mais tempo para a discussão,porque imagino que o momento de discutir começaagora.Certa vez fui convidado para fazer umaconferência na nacional Academy of Science, emWashington, no Instituto de Medicina. E a medicinacomeçou a discutir o assunto, principalmente depois daOrganização Mundial de Saúde ter colocado os padrõesda qualidade do ar. Dá para juntar energia, mobilidade esaúde no mesmo pacote? A resposta é não. Noconsenso, não. Éramos quatro cientistas, falamos sobrepoluição e concluímos que poluição não fazia bem.O setor de energia extrai o petróleo a dezdólares o barril na Arábia Saudita e hoje vende a cento equarenta dólares na Bolsa de Londres. Ninguémabdicará dessa margem de lucro por bom mocismo.Por outro lado, a indústria automobilística diz quepode ter, mais ou menos, setecentos veículos por milhabitantes. A taxa de motorização do Brasil é cercade duzentos veículos por mil habitantes. Na Índia, écerca de cinquenta veículos por mil habitantes. Então,a conclusão dos que trabalham com mobilidade é queandaremos de carro e transformaremos cidades nomundo motorizado, por veículos.Quanto de conhecimento precisa-se para fazeruma política ambiental descente? Se formos à maiorparte das universidades brasileiras, à USPprincipalmente - tenho que falar da minhauniversidade e não da universidade dos outros –vamos imaginar que o mundo é assim: a ciênciaenvolve tudo e nem toda política é dominada por fatoreseconômicos. Isso me fez viver num mundo imaginárioonde as cidades teriam tecnólogos e engenheiros dobem suprindo todas as minhas necessidades a partir datecnologia. Isso acontece até hoje. Todo domingo teráum cientista com um avental colocando uma célulatroncopara fazer coxo andar e cego enxergar. É comose o Divino se manifestasse por meio da ciência.Só que não é bem assim. Vejam nesse slide avelocidade média em São Paulo nos últimos anos. Para2012, a projeção é de dez quilômetros por hora, o quesignifica que os bandeirantes andavam mais depressaque a gente, em lombo de mula. Transformamos acidade em uma piscina quando chove, ou num desertoquando não chove, mas não ganhamos em mobilidade.Se perguntarmos a um economista, ele dirá quetudo é PIB. No mundo existem cidades, regiões, quepossuem sobrevida de trinta e cinco anos, essa é a idademédia. Em contrapartida, quando o PIB per capitaaumenta, vive-se mais. Mas isso é uma verdade parcial,pois existe uma grande dispersão no andar de baixo,grandes variações do PIB, sem aumento proporcional desobrevida. E essa riqueza chega nos momentos em queas nações tiveram diferentes estruturas de saúde,educação e infraestrutura. Não importa só o PIB, mas odesvio padrão do PIB, como ele é distribuído.O modelo vigente atualmente no Brasil colocaa economia como motor da política e a ciência sedesloca. Quando alguém da política ou da economiapergunta alguma coisa ao cientista, este devolve umconjunto de equações diferenciais que não serve paranada e, por outro lado, publicamos na Nature o que ésuficiente. Não importa se alguém vai ler ou qual o usosocial da tecnologia. As grandes universidades domundo já estão fazendo o que se chama de ScienceTechnology and Society - STS, que benefício real queaquela pesquisa traz para a sociedade. Isso, de algumaforma, tem que ser modificado.Vemos no slide a vista da janela de minha casa,moro no bairro Bexiga, a cidade de São Paulo está logoabaixo. Essa próxima imagem é de quando levando pelamanhã e vou para o hospital. A próxima imagem mostraa cidade de São Paulo em dia de inversão térmica, nãose enxerga quando se está embaixo. É o que respiramos.A média não é homogênea. As chaminés dacidade, no caso de São Paulo – depois voltareiespecificamente a Vitória – são as grandes avenidas.

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