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ANO XLV - VITÓRIA-ES, QUARTA-FEIRA, 13 DE JULHO DE 2011 ...

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3305 - Diário do Poder Legislativo Vitória-<strong>ES</strong>, quarta-feira, <strong>13</strong> de julho de <strong>2011</strong>aumento é de doze por cento. E vemos outrosindicadores socioeconômicos como a renda familiar,a porcentagem da população que vive em favelas, aporcentagem das pessoas com nível superior. Assim,não basta ser criança, idoso, cardiopata, pneumopata,mas também pobre.No curso de patologia geral para os alunosensino que a pneumonia depende de três fatoresprincipais: agressividade da bactéria, que chamamos depatogenicidade, a dose inalada e a vulnerabilidade dohospedeiro. Aí aparece uma meteorologista chamadaMicheline Coelho que faz a curva onde a cor pretarepresenta o número de casos de pneumonia no Estadode São Paulo e a cor vermelha é o modelo que ela ajustausando quatro variáveis: partículas, ozônio, temperaturamínima e umidade relativa do ar ao meio-dia. Oitenta edois por cento do sinal de pneumonia é explicado porvariáveis ambientais; sobram doenças hospitalares, apneumonia hospitalar. Medimos poluição individual emcrianças. O filtro azul é usado para indicar o ozônio; ofiltro branco é para indicar o dióxido de nitrogênio.Colocamos essas rodinhas na mochila da criança oupenduradas em cabide, nas casas das crianças. A melhorassociação foi com as medidas nas crianças.Dividimos as crianças em três categorias edisposição (baixo, médio e alto), baseado em trinta etrês por cento inferiores, em trinta e três por cento asessenta e seis e em sessenta e seis a cem por cento.A primeira pergunta que fizemos era se já haviachiado alguma vez no último ano e as crianças maisexpostas ao ozônio chiavam muito mais do que ascrianças com baixa exposição ao ozônio. A segundapergunta era se já contraíram pneumonia alguma vez navida e quase oitenta por cento das crianças moradorasem locais com alta incidência do ozônio disseram quesim, enquanto as que residiam em regiões com baixaexposição ao ozônio responderam que nenhuma vez.Quando desce para a escala individual ao invés daescala populacional você não perde em precisão, vocêganha, você descobre melhor o efeito.Um estudo publicado no New England Journalof Medicine, por uma moça chamada Anette Peters.Nesse estudo pergunta-se o que a pessoa fez dediferente no dia que enfartou em relação aos três diasanteriores. Aparecem coisas confessáveis; coisasinconfessáveis; emoção; comeu demais, bebeu demais,dormiu de menos, nervoso, alegria demais. Esse gráficodo meio mostra quanto tempo a pessoa passou notráfego. Aumentou em vinte por cento o tempo quepermanece no tráfego? Ganha-se duas vezes maischances de ter infarto do miocárdio. Isso ocorre devidoà poluição, ao estresse ou ambos? A próxima perguntaque o estudo faz é quando se observam pessoas quemorrem mais de uma vez, há o desfibriladorimplantado, pessoas com arritmia ventricular e tem quese dar um choque, só que não dá tempo de dar o choque,então, essa pessoa carrega uma bateria, um eletrodoventricular. Você faz o indivíduo andar e coloca ummedidor pessoal de partícula fina e você vê que aquelenegocinho dispara no Y em função da exposição àpartículas finas nas duas horas precedentes.Esse estudo saiu publicado no Lancet emfevereiro de <strong>2011</strong> e acho esse estudo bem legal paramostrar o que é a poluição do ar. No x você vai ver orisco relativo de certos fatores. Quais são as causasexternas relacionadas ao infarto agudo do miocárdio?Esse é um conjunto de uma série de trabalhos queenvolvem mais de setenta mil doentes. Inclusive tematé dois estudos nossos aqui. Como se lê essegráfico? O cheirador de cocaína, o último ali, tem umrisco de ter infarto vinte e cinco vezes maior do que oindivíduo que não cheira cocaína. A sorte é queexistem poucas pessoas que cheiram cocaína, entãono y é risco multiplicado pelo número de usuários,fazendo com que menos de meio por cento dosinfartos do miocárdio em uma comunidade sejamatribuídos ao fato de cheirar cocaína.Qual foi o mais importante? Tráfego. E vocêvê que poluição do ar, trinta microgramas por metrocúbico de PM10 e cinco por cento de infarto domiocárdio. Vitória está entre trinta e dez, ou seja, estáem torno de vinte. Veja como o mundo ficou perigoso?Você tem emoção negativa, mas também emoçãopositiva, como atividade sexual, mostrando que ocoração sai um pouco da sua zona de conforto e quemtem o coração doente pode desenvolver o infarto. Entãoé gente que tem uma doença, o risco é pequeno, mas éduas vezes maior, duas vezes. Se você tem o risco zerobasal é nada, mas se você tem uma coronária penduradaé isso que faz. Então, a poluição é um fator dentro deuma doença multifatorial que é o infarto do miocárdioe que tem o risco pequeno, mas que, como temmilhões de pessoas expostas, acaba tendo um grandenúmero de pessoas. O que você faz em uma situaçãocomo esta onde o indivíduo é obeso, você diz para eleperder peso; se tem uma dieta ruim, você refaz a suadieta, deixa de fumar, mas em uma cidade, você vaivender ar puro engarrafado? Não dá. Isso depende depolíticas públicas e é por isso que estamos falandonuma Casa de Leis, onde discutem exatamente isso:políticas públicas. E não há defesa individual, pelomenos para a maior parte das pessoas.Quanto isso impacta na nossa expectativa devida? Esse é um estudo com quase cinquenta milhões depessoas em cinquenta e cinco cidades, mostrando oseguinte achado: aumento a poluição, cai aexpectativa de vida. Essa é mais ou menos a história,mais ou menos dez meses para cada dez microgramaspor metro cúbico de partículas e PM-2,5.No melhor dos mundos a saúde ambiental estána interseção dessas três coisas: não se ignora apossibilidade de implementação de aspectos práticos;não se ignora a empregabilidade, mas também não seignora a saúde. Darei um exemplo: o Prefeito deDublin visando políticas de mudanças climáticas colocacarvão como fonte de energia em Dublin, porque naIrlanda se produz muito carvão para aquecimento decasas. Então ele procura melhorar a eficiênciaenergética da cidade e também diminuir a poluição.Veja o que aconteceu? Ele baniu, peitou várias pessoas,não foi popular e a poluição tanto em termo de fuligemquanto de dióxido de enxofre caiu, diminuiu a média, aamplitude. O que aconteceu na saúde após essebanimento? Esse é que é o experimento legal, não émostrar que a poluição faz mal.

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