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Adesão - Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP

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A<strong>de</strong>sao.qxd 5/9/2008 12:43 PM Page 279mínimas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>*, corriqueiras como as <strong>de</strong> higiene básica porexemplo, porque se trata <strong>de</strong> indivíduos que chegam a viver muitotempo <strong>de</strong> suas vidas à margem da socieda<strong>de</strong> e, portanto, sob códigospróprios <strong>de</strong> conduta e com práticas cotidianas muitas vezes antagônicas- possivelmente como medida <strong>de</strong> proteção - ao regime <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>dos integrados ou inseridos.Apesar <strong>de</strong>ssa compreensão por parte dos gestores públicos,ainda assim é comum não <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> incorrer num viciado equívocoquando da aplicação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los socioassistenciais que pretendama reintegração ou reinserção <strong>de</strong> camadas da populaçãohistoricamente <strong>de</strong>sprezadas pelo Estado brasileiro. Como apontaVera da Silva Telles, historicamente "a <strong>de</strong>finição da justiça socialcomo tarefa do Estado teve por efeito neutralizar a questão da igualda<strong>de</strong>numa lógica perversa em que as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s são transfiguradasno registro <strong>de</strong> diferenças sacramentadas pela distribuiçãodiferenciada dos benefícios, ocultando a matriz real das exclusões"**.Logo, parece também ter sido alocado para a população emsituação <strong>de</strong> rua, como segmento mais visível da miserabilida<strong>de</strong> urbana,apenas "o espaço da assistência social, cujo objetivo não é elevarcondições <strong>de</strong> vida, mas minorar a <strong>de</strong>sgraça e ajudar a sobreviver na miséria(...) É o que Aldaíza Sposati chama <strong>de</strong> 'mérito da necessida<strong>de</strong>', que<strong>de</strong>fine a natureza perversa <strong>de</strong> uma relação com o Estado que cria a figurado necessitado, que faz da pobreza um estigma pela evidência do* Cf. MAFFESOLI, M. A conquista do presente. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rocco, 1984. Recorremosaqui à diferenciação dos conceitos <strong>de</strong> socialida<strong>de</strong> e sociabilida<strong>de</strong> neste autor. Enquantoconjunto <strong>de</strong> práticas cotidianas <strong>de</strong> agrupamentos urbanos formados por laços afetivos,apenas pelo fato <strong>de</strong> 'estarem juntos', num enraizado presente se contraporia, como se pore para um <strong>de</strong>stino comum <strong>de</strong> viverem o instante vivido sem perspectiva futura, a socialida<strong>de</strong>então à rigi<strong>de</strong>z do controle e das práticas institucionais e formais, à sociabilida<strong>de</strong> propriamentedita.** TELLES, Vera da Silva. Pobreza e Cidadania. São Paulo, Editora 34, 2001, p. 25-26.279

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