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Da gênese do ensino superior em Belém do Pará à criação<br />

da Escola de Agronomia da Amazônia: uma contribuição a<br />

historiografia da educação<br />

RESUMO<br />

O artigo tem como objetivo historicizar a criação do ensino superior<br />

na cidade de Belém do Pará, com foco no ensino de Agronomia, bem como<br />

identificar e compreender os diferentes motivos que levaram a criação da Escola<br />

de Agronomia da Amazônia (EAA) na década de 1940. O tema proposto resulta<br />

de discussões, vivências e experiências profissionais <strong>dos</strong> autores, que trabalham<br />

em instituições federais de ensino superior sediadas no Estado do Pará. Nessa<br />

pesquisa, utilizou-se como procedimento metodológico a análise bibliográfica<br />

e documental. O estudo apresenta apoio teórico nos autores Secreto (2007),<br />

Daou (2000), Moreira (1977), Fontes (2007), Trindade (2014), Ferreira (2011),<br />

dentre outros. As principais considerações alcançadas nesse estudo mostram que a<br />

criação do ensino superior no Pará foi resultante <strong>dos</strong> interesses das elites locais e<br />

seu incremento só ocorreu com a fase crítica da borracha na Amazônia, quando essa<br />

elite passou a enfrentar dificuldades financeiras para enviar seus filhos e intelectuais à<br />

Europa para estu<strong>dos</strong>. Quanto ao ensino de Agronomia no Estado, sua implementação<br />

ocorreu no ano de 1918, com a criação da Escola de Agronomia do Pará. Após 25<br />

anos de funcionamento, a Escola encerrou suas atividades no ano de 1943. A Escola<br />

de Agronomia da Amazônia, criada em 1945, é considerada a primeira Instituição de<br />

ensino Agrícola da região sob os designíos do Governo Federal. Dentre as motivações<br />

que levaram a sua criação, descantam-se: formar pessoal qualificado para sanar a<br />

ausência de técnicos no Instituto Agronômico do Norte. Atender ao anseio da sociedade<br />

amazônica, por acesso a uma formação agrícola em nível superior. Transplantar para<br />

região um modelo científico existente no Sul e Sudeste brasileiro, onde ensino e<br />

pesquisa eram incentiva<strong>dos</strong> conjuntamente. Por fim, contribuir para o atendimento<br />

<strong>dos</strong> interesses internacionais expressos nos Acor<strong>dos</strong> assina<strong>dos</strong> entre os Esta<strong>dos</strong><br />

Uni<strong>dos</strong> e o Brasil, desenvolvendo a Ciência e a Tecnologia na Amazônia,<br />

sobretudo na área agrícola, de forma a possibilitar a formação de pessoal para<br />

atuar na maximização de produtos primários na região, com objetivo de atender<br />

as necessidades de suprimento agrícola da sociedade e indústria norte americana.<br />

Palavras-chave: Ensino Superior, Ensino de Agronomia, Escola de Agronomia<br />

da Amazônia.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho tem como objetivo historicizar a criação do ensino superior<br />

na cidade de Belém do Pará, com foco no ensino de Agronomia, bem como<br />

identificar e compreender os diferentes motivos que levaram a criação da Escola<br />

de Agronomia da Amazônia (EAA) na década de 1940.<br />

O texto inicia com uma breve exposição sobre a região Amazônica, para<br />

situar o leitor sobre o local que se fala, de forma a evidenciar elementos territoriais<br />

e históricos relevantes para a compreensão da temática e objetivo proposto nessa<br />

pesquisa. Encontra-se divido em duas seções, a primeira que discorrerá sobre a<br />

criação do ensino superior em Belém, no contexto da Belle Époque Amazônica e<br />

a segunda que abordará sobre a implementação do ensino de agronomia na região<br />

e a fundação da Escola de Agronomia da Amazônia, em Belém do Pará.<br />

A região Amazônia é um território conhecido pela variedade de sua flora<br />

e fauna. Estende-se por nove países da América do Sul (Brasil, Bolívia, Peru,<br />

Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa), <strong>dos</strong> quais<br />

o Brasil fica com a maior parte, 63,4% do total. A região possui o sistema fluvial<br />

mais extenso e de maior massa líquida do planeta, sendo coberta pela maior<br />

floresta pluvial tropical. A Amazônia corresponde a 1/20 da superfície da Terra,<br />

a 2/5 da América do Sul, 1/5 da disponibilidade mundial de água doce, 1/3 das<br />

reservas mundiais de florestas latifoliadas (MUSEU GOELDI, 2017).<br />

Como se pode perceber a Amazônia é uma região compartilhada por vários<br />

países, distinguindo-se entre as Amazônias de cada país e a Amazônia de to<strong>dos</strong> os<br />

países. Neste trabalho, o termo Amazônia refere-se a região localizada no território<br />

brasileiro, chamada de Amazônia Legal, delimitada de pela nº 1.806, de 06 de<br />

janeiro de 1953, que abrange os atuais esta<strong>dos</strong> de Rondônia, Acre, Amazonas,<br />

Amapá, Pará, Roraima, Tocantins, parte do Mato Grosso e parte do Maranhão.<br />

A existência de grandes reservas de recursos naturais na Amazônia sempre<br />

balizou as relações econômicas, políticas e sociais ao longo da história da região.<br />

Foi justamente em virtude de um produto da floresta que Amazônica ganhou grande<br />

destaque nacional e internacional no século XIX, quando o desenvolvimento da<br />

Revolução Industrial permitiu ampliar a possibilidade de utilização da borracha<br />

produzida pelas seringueiras da região.<br />

Os anos entre 1880 e 1910 ficaram conheci<strong>dos</strong> como Belle Époque<br />

amazônica, período em que as elites do Estado Pará e do Amazonas foram<br />

favorecidas pela crescente demanda gomífera na indústria, principalmente, a<br />

automobilística. Nesse período a borracha ganhou lugar de destaque, como<br />

expressão de civilização e progresso para a região. Tamanha foi à importância<br />

da borracha amazônica para a economia nacional e local, que o produto chegou a<br />

figurar como responsável por 25,7% <strong>dos</strong> valores das exportações brasileiras, entre<br />

1898 a 1910, sendo superada apenas pelo café que representava 52,7% (DAOU,<br />

2000, p. 21 e 23).<br />

Embora a Belle Époque se refira ao período áureo da borracha na região<br />

amazônica é necessário destacar a especificidade de sua consolidação em duas<br />

capitais, Belém e Manaus, que foram as cidades concentradoras de toda a riqueza<br />

proveniente da extração gomífera. Nesse trabalho a abordagem se concentrará<br />

na análise da realidade belenense, com foco na área da educação superior, em<br />

observância ao objetivo proposto de pesquisa.<br />

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