19.06.2018 Views

livro e-book Gestao Publica - Um olhar dos servidores - Baixa Resolucao

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Acor<strong>dos</strong> foram firma<strong>dos</strong> entre agências estadunidenses e brasileiras, em função<br />

da Guerra, esses instrumentos de cooperação ficaram conheci<strong>dos</strong> como Acor<strong>dos</strong><br />

de Washington 4 .<br />

O Governo Norte Americano pretendia que o Brasil aumentasse a produção<br />

e o fornecimento de alimentos e de matérias-primas necessárias ao esforço de<br />

Guerra, bem como a produção industrial estadunidense. Ao mesmo tempo<br />

garantiria o controle de um mercado consumidor para seus bens industrializa<strong>dos</strong><br />

(MENDONÇA, 2010, p. 146). Dentre as matérias primas que interessavam aos<br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> a produção de borracha destacou-se:<br />

No caso da relação com o Brasil, os estadunidenses pretendiam,<br />

entre outras coisas, resgatar a extração gomífera para atender<br />

principalmente à necessidade de matéria-prima para a indústria bélica<br />

e automobilística. (TRINDADE, 2014, p. 30)<br />

Para implementar as ações de desenvolvimento e de integração nacional,<br />

a região passou a receber inúmeros investimentos. A seguir é possível observar<br />

algumas medidas instituídas naquele momento<br />

Dentre as medidas econômico-sociais e institucionais adotadas<br />

nessa oportunidade merecem destaque: a criação do Banco da<br />

Borracha, cujas atividades foram depois ampliadas e diversificadas,<br />

em sucessivas transformações, até chegar ao atual estágio de<br />

Banco da Amazônia S.A; a criação do Serviço Especial de Saúde<br />

Pública (SESP), sob os auspícios da Fundação Rockfeller, que<br />

desempenhou um notável programa de saneamento no interior<br />

amazônico, auxílio às atividades de pesquisa, com ênfase às<br />

pesquisas sobre borracha, em execução pelo antigo Instituto<br />

Agronômico do Norte (...), além de consideráveis melhorias<br />

nas bases operacionais instaladas nos aeroportos da região<br />

(PANDOLFO, 1994, p. 47)<br />

O interesse <strong>dos</strong> EUA em impulsionar a produção de borracha no Brasil se<br />

deu porque países considera<strong>dos</strong> grandes produtores mundiais, como Malásia e<br />

Ceilão estavam sob domínio do Japão, país adversário <strong>dos</strong> EUA na Guerra. Como<br />

no início do século XIX o Brasil foi o principal produtor e fornecedor mundial de<br />

borracha, o país passou a contar com incentivos e apoios <strong>dos</strong> EUA para a retomada<br />

da produção gomífera, com o objetivo de atender a necessidade norte americana.<br />

O Governo brasileiro comprometeu-se a fornecer a indústria estadunidense com<br />

borracha oriunda da Amazônia brasileira.<br />

Como a região Amazônica passou a ser considerada estratégica aos esforços<br />

de Guerra, ela foi inserida no debate nacional do desenvolvimentismo e de<br />

integração nacional. Pretendia-se<br />

i) via planejamento, superar o período crítico da socioeconômica<br />

amazônica iniciado com a crise na economia gomífera a partir da<br />

segunda metade da década de 1910; ii) buscava-se diversificar a<br />

base produtiva da região; iii) melhorar a oferta de serviços básicos<br />

como educação, saúde e infraestrutura; iv) necessidade de conhecer<br />

as potencialidades (<strong>dos</strong> recursos naturais) da região, para tanto<br />

se demandava a criação de instituições de pesquisa; e, finalmente,<br />

v) a necessidade de integração da Amazônia à economia do País.<br />

(TRINDADE, 2014, p. 39).<br />

4 O primeiro acordo, que originou a Comissão Brasileiro-Americana de Óleos, foi assinado<br />

pelo diretor do IIAA (Nelson Rockefeller) e o ministro da Agricultura em setembro de 1942;<br />

o segundo, firmado entre o DASP, o Serviço de Informação Agrícola da Pasta da Agricultura<br />

e o Foreign Office, destinou-se à dotação de verbas para financiar a tradução, impressão e<br />

distribuição de publicações agrícolas estadunidenses, visando vulgarizar méto<strong>dos</strong> e técnicas<br />

destina<strong>dos</strong> à elevação da produtividade agrícola no país; o terceiro, denominado Food<br />

Supply Program in Brazil, visou maximizar a produção brasileira de gêneros alimentícios;<br />

e, finalmente, tem-se o quarto acordo, que deu origem à “Comissão Brasileiro-Americana de<br />

Produção de Gêneros Alimentícios” (CBA), com atuação nas regiões Norte-Nordeste do país,<br />

incumbida de implantar o Programa de Treinamento Vocacional para trabalhadores rurais<br />

(MENDONÇA, 2010).<br />

A economia na Amazônia experimentou efêmera euforia e as condições<br />

de infraestrutura social e econômica foram melhoradas com a implementação<br />

de importantes serviços financeiros, de saúde, de saneamento, de pesquisa, de<br />

educação, etc.<br />

Destaca-se que, no ano de 1939, um importante Órgão de pesquisa<br />

agropecuária, denominado Instituto Agronômico do Norte (IAN), foi criado<br />

em Belém do Pará, por meio do Decreto-Lei nº 1.245 de 04 de maio de 1939,<br />

sendo este incumbido de “executar pesquisas agrícolas (...) incluindo o<br />

levantamento de recursos naturais de solo, clima, flora e fauna, com jurisdição<br />

em toda a Amazônia” (FCAP, 1992, p. 13), dentre os principais objetivos a ser<br />

alçando pelo IAN estava “o desenvolvimento de uma tecnologia da borracha<br />

que permitisse ao País voltar a assumir a supremacia no mercado” (FERREIRA,<br />

2011, p. 68). Em dezembro de 1940, o IAN iniciou suas atividades, sendo<br />

designado em abril de 1941 o paulista Felisberto Car<strong>dos</strong>o de Camargo 5 como<br />

primeiro diretor da Instituição. É importante evidenciar a existência e trabalho<br />

desenvolvido por esta instituição porque a história desse Órgão se entrecruza<br />

com a da Escola de Agronomia da Amazônia, que anos depois foi criada nas<br />

próprias instalações do IAN, sendo designado o mesmo diretor Felisberto<br />

Camargo.<br />

Tamanho era o interesse <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> pela borracha na Amazônia<br />

que pesquisadores norte-americanos foram designa<strong>dos</strong> para trabalhar no centro<br />

de pesquisa recém instalado em Belém. O desenvolvimento do trabalho com<br />

seringueiras por cidadãos americanos foi uma realidade destacada por Felisberto<br />

Camargo, em um de seus relatórios técnicos, conforme se observa:<br />

20 21<br />

Os primeiros trabalhos de seleção da seringueira, efetua<strong>dos</strong> no<br />

Instituto Agronômico do Norte, estiveram a cargo de vários técnicos<br />

5 Sobre Felisberto Car<strong>dos</strong>o de Camargo, Ler: FERREIRA, Paulo Roberto. O homem que tentou<br />

domar o Amazonas: biografia do cientista Felisberto Camargo, ousado e futurista. Belém:<br />

Embrapa Amazônia Oriental, 2011.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!