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livro e-book Gestao Publica - Um olhar dos servidores - Baixa Resolucao

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2 OS SISTEMAS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO: COMO TUDO COMEÇOU<br />

A forma como se deu a produção de bens e serviços ao longo do tempo<br />

influencia e é influenciada pela sociedade. Deste modo, é relevante compreendermos<br />

os diferentes enfoques da gestão da produção.<br />

A produção artesanal caracterizou-se por gerar um produto por vez conforme<br />

encomendas. Nesta situação o profissional responsável pela produção dominava<br />

todas as etapas do processo.<br />

Chiavenato (2003) esclarece que a produção artesanal foi substituída pelo<br />

sistema manufatureiro no qual os artesãos trabalhavam em troca de salário, visto que<br />

a matéria-prima e os instrumentos pertenciam aos burgueses. Tal mudança inicia<br />

um processo de expropriação do saber <strong>dos</strong> artesãos, a divisão e a especialização do<br />

trabalho. Posteriormente, o aumento da concorrência e o surgimento de máquinas<br />

impulsionou a fusão de oficinas que, pouco a pouco, foram se convertendo em<br />

fábricas. Este processo ficou conhecido como Revolução Industrial e iniciou na<br />

Inglaterra no início do século XVIII.<br />

Os acontecimentos supracita<strong>dos</strong> contribuíram para que surgissem novas<br />

formas de produção de bens e serviços. Dentre elas destaca-se o Taylorismo,<br />

desenvolvido por Frederick Taylor (1856-1914) que estudou os movimentos e<br />

os tempos necessários para produzir mais e melhor diminuindo, assim, os custos<br />

gera<strong>dos</strong> para as indústrias e a quantidade de trabalhadores. Desta forma, ocorreu a<br />

separação das tarefas de planejar e executar o trabalho de modo que as atividades<br />

laborais foram subdivididas entre os trabalhadores e cronometradas de forma a<br />

aumentar a produtividade.<br />

Henry Ford (1863-1947) também contribuiu para a introdução de novas ideias<br />

na gestão do trabalho por meio do Fordismo que apregoou a produção em massa.<br />

Ele colocou sua concepção em prática na “Ford Motor Company”, sua empresa<br />

automobilística, introduzindo três princípios básicos: 1. Intensificação: uso de<br />

equipamentos e matéria-prima adequa<strong>dos</strong> a fim de diminuir o tempo necessário<br />

para a produção e lançamento de produtos no mercado; 2. Economia: volume de<br />

estoque mínimo de matéria-prima; 3. Produtividade: aumento da produtividade<br />

obtido pela especialização e pela linha de montagem. (MACHADO, 2012).<br />

A produção em massa tornou os automóveis acessíveis, mas implicou em<br />

consequências nefastas para a saúde <strong>dos</strong> trabalhadores levando-os a questionar o<br />

esvaziamento do processo de trabalho que caracterizou este sistema. Além disso, as<br />

demandas <strong>dos</strong> consumidores foram mudando e aumentando, o que deu margem ao<br />

surgimento de outras propostas de organização do trabalho. (MACHADO, 2012).<br />

Neste contexto, Taiichi Ohno, Eiji Toyoda e Shigeo Shingo elaboraram o<br />

Toyotismo numa tentativa de forjar um modelo de produção que se adequasse<br />

à realidade das montadoras de automóvel japonesas. Na contramão da ideia de<br />

produção em massa o Sistema Toyota de Produção (STP) produzia de acordo<br />

com a demanda, o que foi denominado de “just in time”. Esta iniciativa<br />

evitava a formação de excesso de estoques e difundiu-se em 1970 na indústria<br />

automobilística japonesa. (WOMACK; JONES, 2003).<br />

O Volvismo também figura como um <strong>dos</strong> modelos de gestão de produção<br />

que teve grande repercussão. Esta concepção foi criada pelo Engenheiro Emti<br />

Chavanmco, funcionário da Volvo em Kalmar, cidade da Suécia, na década de 1960.<br />

Os pontos mais importantes do Volvismo são: experimentalismo, flexibilização<br />

funcional (alto grau de automação e informatização), gerando uma produção<br />

diversificada de qualidade; internacionalização da produção e a democratização da vida<br />

no trabalho (representada pelo baixo ruído, aplicação da Ergonomia, ar respirável, luz<br />

natural, boas condições de trabalho); treinamento intensivo do trabalhador; produção<br />

manual e alto grau de automação; flexibilidade de produto e processo; possibilidade<br />

da redução da intensidade do capital investido; aumento de produtividade, redução de<br />

custos e produtos de maior qualidade. (VIANA, 2007).<br />

Este cenário abriu espaço para a gestão de qualidade, tema a ser aprofundado<br />

nos próximos itens deste artigo, que preconiza o diagnóstico das falhas, a busca do<br />

aperfeiçoamento constante, o foco nos processos, o destaque para as necessidades<br />

<strong>dos</strong> clientes internos e externos, a cooperação <strong>dos</strong> trabalhadores, a cultura da<br />

aprendizagem, o uso da estatística para mensuração de resulta<strong>dos</strong>, entre outros<br />

fatores (MACHADO, 2012).<br />

Em face deste contexto, observa-se que a evolução <strong>dos</strong> processos industriais<br />

e as mudanças na gestão destes serviços buscaram atender às necessidades<br />

apresentadas em cada período histórico tendo sempre respostas consideradas<br />

satisfatórias para as questões que se apresentaram ao longo do tempo: A gestão<br />

taylorista-fordista propondo a indústria de massa, a toyotista propondo uma<br />

produção flexível e de qualidade e, por fim o volvismo que confere espaço aos<br />

emprega<strong>dos</strong> criativos, polivalentes e flexíveis.<br />

3 OS DESAFIOS DA MODERNA GESTÃO<br />

O filósofo Heráclito postulou que o mundo flui como um rio, está em<br />

constante mudança, e que por isso nós não podemos nos banhar duas vezes<br />

na mesma água. Tal reflexão se relaciona com os tempos em que vivemos<br />

caracteriza<strong>dos</strong> pela globalização e inovação tecnológica. As transformações<br />

constantes no meio político, econômico e social demandam a todo momento<br />

profissionais que estejam atentos e dispostos a contribuir com a sociedade por<br />

meio de seus talentos, habilidades, trabalho, dedicação e esforço para oferecer<br />

serviços embasa<strong>dos</strong> em um novo modelo de gestão focado na qualidade.<br />

Neste contexto, Crato (2010) indica que o termo “qualidade” provém do<br />

latim qualitare e aponta para peculiaridade, característica distintiva. A palavra é<br />

usada em diversas situações, mas ao tratarmos de produtos ou serviços é necessário<br />

considerar as necessidades <strong>dos</strong> clientes. Nesta lógica, podemos concluir que<br />

qualidade é o nível de satisfação obtida da relação entre o esperado e o percebido<br />

pelo cliente.<br />

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