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o Ciência sem Fronteiras, que pagava cursos de graduação para estudantes no<br />
exterior” (GLOBO, 2017). A notícia informava ainda que o Ministro da Educação,<br />
Mendonça Filho, afirmou que o valor investido para enviar 30 mil estudantes<br />
para intercâmbio fora do país seria equivalente ao investimento feito para pagar a<br />
merenda escolar de 40 milhões de alunos da educação básica.<br />
Após repercussão nas redes sociais sobre o fim do Ciência sem Fronteiras<br />
o Ministério da Educação lançou uma nota em seu site, algumas horas após a<br />
notícia do O Globo, desmentindo a informação, “MEC afirma que o Ciência sem<br />
Fronteiras terá 5 mil bolsistas na pós-graduação”, segundo a nota o Programa<br />
está funcionando normalmente e enviará 5 mil bolsistas de pós-graduação para o<br />
exterior em 2017, a nota informa ainda que o atual governo encontrou o programa<br />
com dívidas, e que após avaliação da modalidade de graduação-sanduíche o<br />
Ministério chegou à conclusão de que o custo para manutenção desses bolsistas<br />
no exterior é demasiadamente elevado, em média R$ 100.000 (cem mil reais) por<br />
ano, e que em 2015 o valor destinado pelo MEC para o programa em 2015 foi<br />
de R$ 3,7 bilhões, diante destas informações apresentadas o Ministérios resolveu<br />
manter o foco apenas na pós-graduação (BRASIL, 2017b).<br />
Em síntese, o Programa Ciência sem Fronteiras foi o maior programa de<br />
intercâmbio/mobilidade internacional já patrocinado pelo Governo Federal no<br />
Brasil, teve sua primeira fase de concessão de bolsas concluída em 2014, hoje<br />
ainda tramita no senado a sua alteração de política de governo para uma política<br />
de Estado mediante aprovação do PLS 798/2015, não à toa ainda hoje fala-se<br />
muito sobre a continuidade ou não do programa e seus possíveis novos formatos<br />
que o programa poderá apresentar nos próximos anos.<br />
Fazer um estudo sobre o mencionado e seus resulta<strong>dos</strong> faz-se mister sobretudo<br />
se considerarmos o investimento de um orçamento de cerca de R$ 10,5 bilhões<br />
no período de 2012 a 2015 (BRASIL, 2016), com maior participação, em termos<br />
financeiros, do Ministério da Educação (MEC), a fim de atender aos objetivos<br />
estabeleci<strong>dos</strong> pelo programa, tais como promover a concessão de bolsas de<br />
estu<strong>dos</strong> no exterior para diversos níveis, ampliar a cooperação internacional entre<br />
grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros, promover a internacionalização da<br />
pesquisa e do ensino superior, proporcionar maior visibilidade à pesquisa científica<br />
brasileira, estimulando a competitividade da indústria brasileira (BRASIL, 2011).<br />
O programa tomou dimensões gigantes em termos de mobilidade<br />
internacional, atingindo números de estudantes no exterior nunca observa<strong>dos</strong><br />
anteriormente no Brasil, de acordo com da<strong>dos</strong> aponta<strong>dos</strong> por Chaves (2014). No<br />
ranking <strong>dos</strong> principais países de origem de estudantes estrangeiros matricula<strong>dos</strong><br />
nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, numa comparação entre os perío<strong>dos</strong> de 2013/2014 a<br />
2014/2015, o número de estudantes brasileiros cresceu incríveis 78,2%, segundo<br />
relatório produzido pelo Senado (BRASIL, 2016).<br />
Diante desses da<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> justifica-se, portanto, a busca em levantar<br />
hipóteses de quais avanços no processo de internacionalização foram alcança<strong>dos</strong><br />
na Universidade Federal Rural da Amazônia após a implantação do Programa<br />
Ciência sem Fronteiras nesta instituição.<br />
Partindo da materialidade do exposto até o momento, o tipo de pesquisa<br />
adotado neste estudo para alcançar os objetivos propostos foi de natureza<br />
exploratória (GIL, 1996). A definição deste tipo de pesquisa se deu por este<br />
ser o primeiro estudo da autora acerca desta temática, que tem por intenção ser<br />
um estudo introdutório para futuras pesquisas mais profundas sobre o assunto,<br />
portanto pretende-se explorar o objeto, tornando-o compreensível para as<br />
pesquisas próximas.<br />
Para a viabilização da pesquisa foram utiliza<strong>dos</strong> dois procedimentos técnicos.<br />
O primeiro foi a pesquisa documental sobre os objetivos, metas, resulta<strong>dos</strong> e<br />
todas as informações necessárias para a compreensão do surgimento do Programa<br />
Ciência sem Fronteiras, assim como seu funcionamento e desenvolvimento.<br />
O outro procedimento utilizado foi a pesquisa bibliográfica sobre temas que<br />
envolvem o objeto, tais como políticas públicas para educação superior, a crise do<br />
capital, internacionalização da educação superior, dentre outros.<br />
2 O PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS<br />
Segundo Aveiro (2014) o Programa Ciência sem Fronteiras foi lançado<br />
pelo então Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloísio Mercadante, na<br />
data de 26 de julho de 2011, na 38ª Reunião Ordinária do Pleno do Conselho<br />
de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Cinco meses após o seu<br />
lançamento oficial o Programa foi instituído formalmente como política de<br />
governo pela ex-presidente Dilma Rousseff.<br />
O Programa Ciência sem Fronteiras é uma política pública que conjuga<br />
aspectos das políticas educacionais, pois as instituições mais beneficiadas são<br />
as Universidades, com aspectos de política de ciência, tecnologia e inovação.<br />
Seus objetivos vão no sentido de incrementar o crescimento produtivo do país,<br />
incentivando o desenvolvimento da produção de tecnologia e inovação.<br />
Para compreender o Programa, como se pretende neste estudo, inicialmente<br />
faz-se indispensável compreender o que significa uma política pública, neste<br />
sentido buscamos a definição de Hofling (p. 31, 2001) que afirma que “Políticas<br />
públicas são aqui entendidas como o “Estado em ação” [...] é o Estado implantando<br />
um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para setores<br />
específicos da sociedade”, e a autora afirma, ainda, que as políticas públicas<br />
sociais, e nesta categoria se incluem as educacionais, determinam o padrão de<br />
proteção social oferecido pelo Estado, e visa reparar as distorções produzidas<br />
pelo modelo de desenvolvimento socioeconômico. Nesta perspectiva, o Ciência<br />
sem Fronteiras é uma forma que o governo tem de implantar seu modelo de<br />
desenvolvimento no país.<br />
Afim de entender a implantação do Programa e suas consequências como<br />
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