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núcleo estratégico do Estado; 2) as atividades exclusivas do Estado; 3) os serviços<br />
não exclusivos ou competitivos; 4) a produção de bens e serviços para o mercado<br />
Na União, os serviços não exclusivos de Estado mais relevantes são as<br />
universidades, as escolas técnicas, os centros de pesquisa, os hospitais<br />
e os museus. A reforma proposta é a de transformá-los em um tipo<br />
especial de entidade não-estatal, as organizações sociais. A ideia é<br />
transformá-los em “organizações sociais”, ou seja, em entidades que<br />
celebrem um contrato de gestão com o Poder Executivo e contem<br />
com a autorização do parlamento para participar do orçamento<br />
público (BRESSER PEREIRA; SPINK, 1998, p.186)<br />
As reformas educacionais assumiram a lógica neoliberal, classificando a<br />
educação não mais como direito do cidadão, mas como uma categoria de serviço,<br />
o qual também não é mais exclusivo do Estado, que passa a atuar simultaneamente<br />
com outras organizações públicas não-estatais e privadas. Nessa esteira, a execução<br />
parcial ou total <strong>dos</strong> serviços é transferida para Organizações Não-Governamentais<br />
(ONG’s), Organizações Sociais (OS) ou via Parcerias Público-Privadas (PPP’s),<br />
sendo esta última o foco de analise neste trabalho.<br />
No Brasil, as reformas implementadas, passaram a atender aos interesses e<br />
pressões <strong>dos</strong> organismos internacionais, sobretudo, na educação superior. <strong>Um</strong>a das<br />
propostas do Banco Mundial defende a redução <strong>dos</strong> investimentos e a ampliação<br />
das fontes de financiamento para o ensino público superior<br />
[...] maior autonomia institucional é a chave para o êxito da reforma do<br />
ensino público superior, especialmente a fim de diversificar e utilizar<br />
os recursos mais eficientemente [...] A experiência demonstra que se<br />
quer que as instituições estatais melhorem sua qualidade e eficiência,<br />
os governos deverão efetuar reformas importantes no financiamento<br />
a fim de mobilizar mais recursos priva<strong>dos</strong> para o ensino superior em<br />
instituições estatais [...] de várias maneiras: mediante a participação<br />
<strong>dos</strong> estudantes nos gastos; arrecadação de recursos de ex-alunos;<br />
utilização de fontes externas; realização de outras atividades que<br />
gerem receitas. (BIRD/BANCO MUNDIAL, 1995, p. 44 e 69).<br />
Em virtude da necessidade de alinhamento das políticas internas às<br />
determinações do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, a educação<br />
superior brasileira passou a sofrer reformulações. O Estado vem reduzindo sua<br />
atuação, por estar desobrigado da manutenção plena deste nível de educação,<br />
decorrente do entendimento de que o ensino superior público passou a ser um<br />
serviço público não exclusivo do Estado. Aliado a isto, o Governo Federal tem<br />
efetivado uma série de cortes orçamentários, que impacta na capacidade de<br />
manutenção das atividades fins das universidades.<br />
Diante <strong>dos</strong> impactos da crise, <strong>dos</strong> cortes de recursos federais à educação<br />
e através <strong>dos</strong> novos espaços cria<strong>dos</strong> pelo neoliberalismo, no qual o Estado<br />
ratifica à Sociedade a redução de sua capacidade de administrar os seus sistemas<br />
educacionais, as universidades passam a buscar no mercado soluções para gerar<br />
receitas, com objetivo de manutenção de suas atividades institucionais. Como<br />
alternativa para captação de recursos externos, as universidades começam a<br />
estabelecer parcerias com empresas privadas.<br />
3 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS: A LEGITIMAÇÃO DO SETOR<br />
PRIVADO NO PÚBLICO<br />
No Brasil, a criação das parcerias público-privadas foi uma das formas<br />
alternativas encontradas para superar a crise e suprimir a falta estatal em<br />
determina<strong>dos</strong> serviços necessários ao desenvolvimento do país, mediante<br />
colaboração do setor privado no público.<br />
O marco legal nacional que permitiu a execução das Parcerias Público-<br />
Privadas, preservando o princípio de defesa da coisa pública, foi a Lei nº<br />
11.079/04, sancionada em 30 de dezembro de 2004, no governo do presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva. O artigo 2º desta lei define parceria público-privada<br />
como sendo “o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada<br />
ou administrativa” (BRASIL, 2004).<br />
Di Pietro caracteriza parceria público-privada como:<br />
64 65<br />
[...] a reunião de esforços entre o Poder Público e o setor privado<br />
para a concretização de objetivos de interesse público, a partir<br />
de iniciativas legislativas (termo de parceria), bem como da sua<br />
aceitação pela doutrina no âmbito do Direito Público. Cabe ainda,<br />
nesta perspectiva, a designação de todas as formas de sociedade que,<br />
apesar de não formarem uma nova pessoa jurídica, se organizam<br />
entre os setores público e privado, para a consecução <strong>dos</strong> interesses<br />
públicos. (DI PIETRO, 2005, p. 449)<br />
A partir destas perspectivas, a parceria público-privada é entendida neste<br />
trabalho como forma de intervenção do setor privado junto à gestão pública, por<br />
meio da admissão parcial ou total de atividades antes sob a responsabilidade<br />
exclusiva do estado, como a educação, por exemplo.<br />
Por meio das parcerias público-privadas o empresariado aparece então<br />
como parceiro fundamental ao auxiliar os governos a superarem as limitações de<br />
recursos, a encorajarem a eficiência e a eficácia, além de promoverem a diversidade<br />
e a inovação, já que a gestão pública, segundo os argumentos neoliberais, precisa<br />
superar a burocratização, a ineficiência, ineficácia e a inoperância.<br />
Estas parcerias, na universidade pública, concretizam a proposta neoliberal<br />
do público não estatal, bem como a do quase-mercado, no qual a propriedade<br />
pertence ao Estado, mas a lógica do mercado começa a direcionar as práticas de<br />
gestão da instituição.<br />
Nosso foco neste trabalho é identificar exemplos das parcerias públicoprivadas<br />
em universidades federais, reconhecendo que práticas do setor privado