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livro e-book Gestao Publica - Um olhar dos servidores - Baixa Resolucao

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da capital paraense “Criada a Escola de Agronomia da Amazônia - Rio, 21<br />

(A.U) – Foi baixado decreto criando a Escola de Agronomia da Amazônia”<br />

(MARANHÃO, 1945, p. 1). Era, portanto, a retomada do ensino de agronomia na<br />

região Amazônica, só que agora não mais como fruto da iniciativa particular, mas<br />

como desígnio do Governo Federal:<br />

Felisberto desejava implementar na Amazônia o mesmo modelo de ensino<br />

e pesquisa conhecido e vivenciado por ele em São Paulo, tendo assim uma escola<br />

e um centro de pesquisa agronômico atuando conjuntamente:<br />

O grande avanço da economia agropecuária do Estado de São<br />

Paulo foi sustentado a partir da criação do Instituto Agronômico de<br />

Campinas (IAC), por sua Majestade o Imperador D. Pedro II, em<br />

novembro de 1889, e pela criação da Escola Superior de Agricultura<br />

Luiz de Queiroz (ESALQ), 12 anos depois, em 1901, em Piracicaba<br />

(FERREIRA, 2011, p. 89)<br />

O Decreto-Lei que criou a Escola estabeleceu que a Instituição seria posta<br />

em funcionamento por parte, de acordo com a disponibilidade de verba pelo<br />

Ministério da Agricultura. Assim, apesar da EAA ter sido criada no ano de 1945<br />

ela não entrou em funcionamento imediatamente, pois durante anos os recursos<br />

não vieram para a sua implementação, inclusive durante todo o período do governo<br />

de Eurico Gaspar Dutra 7 .<br />

Diante das dificuldades de fixar pessoal qualificado na região, que resultavam<br />

em prejuízos nas pesquisas técnico-científicas em andamento no IAN, Felisberto<br />

Camargo recorria ao Governo Federal, para a instalação da Escola. Em um <strong>dos</strong><br />

ofícios envia<strong>dos</strong> em 1950 ao Ministério da Agricultura, ele explicou a necessidade<br />

de envio de recursos financeiros prometi<strong>dos</strong> para a Instituição<br />

A diretoria do Instituto Agronômico do Norte sempre se interessou<br />

pela criação de uma Escola de Agronomia na Amazônia, desde que a<br />

Superintendência do Ensino Agronômico julgou por bem suspender<br />

as subvenções que mantinham as escolas particulares de agronomia de<br />

Belém, Manaus e São Luis. Tendo assumido a presidência do Banco<br />

de Crédito da Borracha, Firmino Dutra resolveu fundar um Patronato<br />

Agrícola em Belterra, em substituição à Escola de Agronomia, para<br />

a qual negou o cumprimento da determinação do governo anterior.<br />

Com o desenvolvimento <strong>dos</strong> trabalhos do IAN e das Plantações Ford<br />

de Belterra, o problema da falta de agrônomos e de químicos vem se<br />

agravando de tal modo, que se tornou indispensável abrir matrícula<br />

da Escola de Agronomia em 1951, apesar da falta de verba e de todas<br />

as dificuldades existentes (FERREIRA, 2011, p. 92).<br />

Felisberto enfrentou diversas dificuldades para construir e colocar em<br />

funcionamento a instituição, porque com a deposição de Getúlio Vargas da<br />

presidencia da república ele “não contava mais com o mesmo prestígio que<br />

7 Presidente da República de 31 de janeiro de 1946 a 31 de janeiro de 1951.<br />

gozava no governo Vargas” (FERREIRA, 2011, p. 91). Passou anos insistindo<br />

para implementar a escola e só concretizou o desejo no ano de 1951, ano de<br />

retorno de Vargas ao poder:<br />

24 25<br />

Felisberto Camargo continuou a insistir e, para levar sua decisão de<br />

abrir a escola a qualquer custo, ele pediu autorização ao governo<br />

– e obteve - para utilizar recursos libera<strong>dos</strong> para as plantações de<br />

Belterra. Era a volta de Vargas ao poder, agora pela força do voto<br />

popular e a recuperação do prestígio de Camargo (FERREIRA, 2011,<br />

p. 93)<br />

Cabe aqui relembrar que quando a EAA recebeu recursos para ser<br />

implantada, o mundo vivia um período conhecido como Guerra Fria, em que<br />

os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)<br />

passaram a concorrer entre si pelo domínio de merca<strong>dos</strong> e de áreas estratégicas.<br />

Nesse período continuava latente o interesse norte americano pelos produtos<br />

primários <strong>dos</strong> países Latinos Americanos, inclusive os do Brasil, com objetivo de<br />

abastecer as necessidades da sociedade norte-americana e continuar garantindo<br />

mercado consumidor para seus produtos industrializa<strong>dos</strong>, “afinal, o crescimento<br />

da economia estadunidense dependia de matérias-primas baratas como suporte à<br />

crescente capacidade de suas industrias” (MENDONÇA, 2010). Visando ampliar<br />

a presença e influencia na América Latina foi lançado, em 1949, pelo presidente<br />

Truman, <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, o Programa Ponto IV 8 .<br />

O Ponto IV permitiu a valorização de campos considera<strong>dos</strong> vitais para o<br />

progresso do Ocidente, como a Ciência e a Tecnologia, ti<strong>dos</strong> como referência de<br />

civilização desde o século XIX, ganharam novo impulso a partir do pós-Guerra.<br />

Nesse período muitos setores liga<strong>dos</strong> à área da agricultura passaram a receber<br />

incentivos através do ETA, dentre os quais, as Instituições que ministravam o<br />

ensino superior em agronomia/agrícola:<br />

O Escritório passou a colaborar com onze órgãos do Ministério da<br />

Agricultura, metade das Secretarias de Agricultura estaduais e todas<br />

as Universidades Rurais do país, influindo diretamente em atividades<br />

supostamente ligadas ao bem-estar das populações do campo em<br />

mais de 220 municípios (MENDONÇA, 2010)<br />

Infere-se que a partir da Segunda Guerra Mundial, diversos interesses<br />

externos operacionaliza<strong>dos</strong>, principalmente, mediante os Acor<strong>dos</strong> estabeleci<strong>dos</strong><br />

8 O Programa Ponto IV consistiu no primeiro compromisso norte-americano com a ajuda<br />

não militar internacional em larga escala, sendo lançado em 1949, na gestão Truman. Seu<br />

propósito evidenciou-se no próprio discurso de posse do presidente: “Declaro ser política <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> ajudar os esforços <strong>dos</strong> povos das áreas economicamente subdesenvolvidas<br />

a melhorar suas condições de trabalho e de vida, mediante o encorajamento da troca de<br />

conhecimentos e habilidades e o ritmo de investimento de capital em países que propiciarem<br />

condições sob as quais a assistência técnica e de capitais possa efetiva e construtivamente<br />

contribuir para elevar os padrões de vida, criando novas fontes de saúde, ampliando a<br />

produtividade e expandindo o poder aquisitivo”. Apud Maurice Latta, “Point Four: a<br />

Modest Program”, Education, Gilman, nº 71, 1951, pp. 276 – 281; p. 276, grifos no original.

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