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oportunidades de participação nas decisões envolvem suas tarefas, da<br />
falta de sistemas ou práticas que avaliem e estimulem o desempenho<br />
e a produtividade individual e grupal, da prática do apadrinhamento,<br />
do compadrio, do prevalecimento de interesses pessoais ou de<br />
pequenos grupos sobre os desejos e demandas da sociedade. Tudo<br />
isso são reflexos de crenças, ritos, tabus e mitos que, juntamente com<br />
as práticas administrativas, perpassam a cultura do serviço público<br />
Neste contexto, tais mudanças têm relação direta com a Cultura organizacional<br />
que é “[...] representada pelo conjunto de valores, crenças, normas, relacionamentos e<br />
estilos de trabalho que as pessoas que participam [...] de determinadas organizações<br />
imprimem a esta. ” (OLIVEIRA, 2011, p. 125). Assim, podemos observar que<br />
cada organização possui uma cultura específica que é influenciada por valores<br />
culturais da sociedade na qual está inserida.<br />
Neste sentido, a cultura organizacional expressa a identidade da organização<br />
moldando um agir coletivo entre seus membros. Este agir se relaciona com a<br />
forma como as pessoas percebem o clima organizacional. Assim, os indivíduos<br />
que integram esta organização podem estar satisfeitos ou não com a mesma, de<br />
um lado, enquanto que a organização também nutre expectativas a respeito de<br />
seus colaboradores, isto se traduz em um clima organizacional bom ou ruim.<br />
Nesta lógica, os efeitos de um clima organizacional favorável trazem benefícios<br />
aos membros internos, a organização e aos cidadãos.<br />
Para diagnosticar a cultura de uma organização é necessário analisar os<br />
aspectos culturais, em particular os ritos. Os ritos são conjuntos de atividades<br />
relativamente elaboradas, que combinam várias formas de expressão cultural, as<br />
quais têm consequências práticas e expressivas. Os gestos, os comportamentos<br />
ritualiza<strong>dos</strong>, a linguagem, os artefatos, constituem-se em algumas das formas de<br />
desempenhar um rito. O quadro 6 abaixo indica alguns <strong>dos</strong> ritos mais comuns<br />
(RODRIGUES, 2016):<br />
Quadro 6 - Os principais Ritos Organizacionais.<br />
RITOS DE PASSAGEM<br />
Processo de introdução do indivíduo na<br />
organização<br />
Programa de treinamento inicial na<br />
organização<br />
RITOS DE CONFIRMAÇÃO<br />
Seminários<br />
Encontros ou reuniões para reforçar a<br />
identidade social e poder de coesão<br />
RITOS DE DEGRADAÇÃO<br />
Processo de demitir um funcionário<br />
Processo de marginalização a nível de<br />
indivíduo ou grupo na organização<br />
Fonte: Rodrigues (2016).<br />
RITOS DE REPRODUÇÃO<br />
Desenvolvimento gerencial /<br />
organizacional<br />
Planejamento e definições de<br />
estratégias<br />
RITOS PARA REDUÇÃO DE CONFLITOS<br />
Processo de negociação coletiva<br />
Processo de participação / integração<br />
organizacional<br />
RITOS DE INTEGRAÇÃO<br />
Confraternizações, festas,<br />
comemorações próprias da organização<br />
Encontros sociais / esportivos dentro<br />
/ fora da organização<br />
Deste modo, a etapa inicial do diagnóstico consiste em conceituar e<br />
identificar os ritos mais recorrentes. Em seguida é realizada uma análise<br />
considerando a história, a organização, os objetivos organizacionais e o ambiente<br />
no qual a organização está inserida. As etapas realizadas objetivam responder a<br />
três questionamentos: Como é a cultura da organização?; Como ela deveria ser?;<br />
O que deveria ser feito para alcançar a situação desejada?<br />
A análise realizada deve ser agrupada de forma facilitar sua compreensão.<br />
Rodrigues (2016) sugere este agrupamento em quatro níveis: quanto ao negócio;<br />
quanto ao trabalhador; quanto ao trabalho; quanto a competitividade.<br />
Para ilustrar a questão do clima organizacional é importante destacar<br />
a pesquisa de Blandini (2010). Ele relata um estudo realizado na agência de<br />
turismo Tour House que procurou utilizar como instrumentos de medição a<br />
“Avaliação de desempenho de colaboradores” e “Pesquisa de Satisfação interna”<br />
(clima organizacional). A avaliação de desempenho incluiu um auto avaliação,<br />
uma avaliação realizada pelos colegas de trabalho e outra pelo supervisor. Já a<br />
pesquisa de satisfação interna foi utilizada para medir o grau de satisfação <strong>dos</strong><br />
colaboradores da empresa com o objetivo de manter a motivação, diminuir a<br />
rotatividade e fidelizar os colaboradores na empresa.<br />
Considerando as etapas do PDCA foram aplica<strong>dos</strong> questionários aos<br />
funcionários e um gerente comandou o processo. Como resultado a pesquisa<br />
indicou 80% de satisfação interna. Os problemas aponta<strong>dos</strong> foram soluciona<strong>dos</strong><br />
com ações simples como: montar uma sala de lazer para os funcionários; criar<br />
um mural <strong>dos</strong> funcionários; organizar um e-mail informativo; ofertar cursos e<br />
palestras; realizar workshops; organizar eventos envolvendo os fornecedores;<br />
entre outros (BLANDINI, 2010).<br />
A referida pesquisa possibilitou compreender que as ações da Tour House<br />
estimularam um clima interno e avaliações de desempenho positivas, o que refletiu<br />
diretamente na satisfação do cliente, uma vez que o colaborador permanentemente<br />
avaliado e com planos de desenvolvimento pessoal realiza um atendimento de<br />
excelência ao cliente focando em suas necessidades. (BLANDINI, 2010).<br />
Desta forma, o clima organizacional é um <strong>dos</strong> processos organizacionais que<br />
gera atitudes no trabalho como a motivação e o comprometimento se convertendo<br />
assim em um indicador da contribuição <strong>dos</strong> membros da organização ao seu<br />
desenvolvimento. (QUIJANO et al, 2008).<br />
Em face deste contexto observa-se que para alcançar um estado de qualidade<br />
adequado para o serviço público é necessário: o descarte de práticas obsoletas; a<br />
introdução de procedimentos; a obtenção de padrões inovadores e mais efetivos<br />
para o desempenho das pessoas e das organizações; a transformação das relações<br />
entre pessoas e destas com a organização; a revisão de papéis e responsabilidades,<br />
assim como de conceitos e concepções. (CARVALHO; TONET, 1994).<br />
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