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Objetos cortantes - Gillian Flynn

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queria falar sobre trabalho. Ele tinha uma cicatriz logo acima da sobrancelha direita e uma<br />

covinha no queixo. Deu tapinhas com o pé duas vezes em cima do meu, onde ninguém podia<br />

ver.<br />

— Então, o que há, Furo?<br />

— Olha, preciso saber uma coisa. Eu realmente preciso saber, e se você não puder me<br />

dizer, então não pode, mas por favor, pense bem.<br />

Ele assentiu.<br />

— Quando você pensa em quem cometeu os assassinatos, tem uma pessoa específica em<br />

mente?<br />

— Algumas.<br />

— Homem ou mulher?<br />

— Por que está me perguntando isso com toda essa urgência agora, Camille?<br />

— Só preciso saber.<br />

Ele fez uma pausa, tomou sua bebida, esfregou a mão na barba por fazer.<br />

— Não acredito que uma mulher teria atacado as garotas dessa forma — disse, tocando<br />

meu pé com o seu novamente. — Agora, o que está acontecendo? É a sua vez de me dizer a<br />

verdade.<br />

— Não sei, estou surtando. Só precisava saber ao que dedicar minha energia.<br />

— Deixe-me ajudar.<br />

— Sabia que as garotas eram conhecidas por morder as pessoas?<br />

— Soube pela escola que houve um incidente relacionado a Ann ferir o pássaro de um<br />

vizinho — disse ele. — Mas Natalie era mais controlada, em razão do que aconteceu na<br />

escola anterior.<br />

— Natalie arrancou o lóbulo de alguém que ela conhecia.<br />

— Não. Ninguém prestou queixa contra Natalie desde que ela veio para cá.<br />

— Então a queixa não foi dada. Eu vi a orelha, Richard, não havia lóbulo, e não existia<br />

razão para a pessoa mentir. E Ann também atacou alguém. Mordeu alguém. E cada vez mais eu<br />

penso que essas garotas se meteram com a pessoa errada. É como se elas tivessem sido<br />

eliminadas. Como um animal ruim. Talvez por isso seus dentes tenham sido arrancados.<br />

— Vamos devagar. Para começar, quem cada uma das garotas mordeu?<br />

— Não posso dizer.<br />

— Que droga, Camille, não estou de sacanagem. Fale.<br />

— Não.<br />

Fiquei surpresa com a raiva dele. Esperava que risse e me dissesse que eu era muito<br />

desafiadora.<br />

— Esta é a porra de um caso de assassinato, ok? Se você tem uma informação, preciso<br />

dela.<br />

— Então faça seu trabalho.<br />

— Estou tentando, Camille, mas não ajuda ficar de sacanagem comigo.

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