Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2018, na faixa etária entre 25 e 49
anos de idade, equivalia a 79,5% do
recebido pelos homens. Nas ocupações
com maior nível de instrução,
o quadro se repete. Entre os professores
do ensino fundamental,
as mulheres recebiam 90,5% do
rendimento dos homens em 2018.
Já entre os docentes do ensino superior,
o salário delas equivalia a
82,6% da remuneração deles.
Além disso, a taxa de desemprego
entre as mulheres brasileiras
foi de 14,1% no segundo trimestre
de 2019, percentual bem acima
da taxa de desocupação masculina,
que ficou em 10,3%, no mesmo
período. As mulheres também
se mantiveram como maioria na
população fora da força de trabalho
(64,6%) no país. “A taxa feminina
de desemprego historicamente
sempre foi maior que a masculina.
É muito mais fácil o mercado desempregar
uma mulher do que um
homem. Isso mostra o viés patriarcal
do capital. Por causa da maternidade,
elas são o tempo todo punidas”,
afirma a economista Hildete
Pereira de Melo. E um estudo
da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
corrobora o que diz a pesquisadora.
De acordo com levantamento
feito por economistas da instituição
de ensino, metade das mães
que trabalham é demitida até dois
anos após o fim da licença maternidade.
Por trás disso está a mentalidade
patriarcal de que os cuidados
com os filhos seriam exclusidade
delas, o que poderia resultar
em ausências no trabalho – cultura
machista que as afasta ainda
mais do mercado formal.
“Outro problema é elas não
conseguirem voltar à formalidade,
em um momento de retomada
econômica. Dificilmente elas vão
conseguir sair desse círculo vicioso.
Além disso, elas não vão conseguir
contribuir para a Previdência
Social, porque não conseguem reunir
recursos suficientes para isso.
Ou seja, elas não terão proteção,
se ocorrer algum acidente, algum
tipo de doença, elas não terão
auxílio nenhum. E dificilmente a
perspectiva de aposentadoria vai
estar colocada para essas mulheres,
porque elas vão ter espaços tão
grandes de não contribuição, que
depois não conseguem preencher
essas lacunas. Então você tem um
universo de efeitos. Sua vida pessoal,
afetiva, de perspectiva profissional
desaparece, porque você não
“
É muito mais
fácil o mercado
desempregar
uma mulher do
que um homem.
Isso mostra o
viés patriarcal
do capital.
Por causa da
maternidade,
elas são o tempo
todo punidas”
tem segurança do trabalho, não
pode fazer planos, segurança de
assumir uma dívida. Isso também
vai impactando na sociabilidade
delas”, aponta Marilane Teixeira.
“Uberização”
Em expansão no mundo, a chamada
“economia dos aplicativos”
representa outro fator que tem
acelerado o aumento da informalidade
entre as mulheres. Na prática,
significa a oferta de serviços
por meio de plataformas digitais, ligada
a uma grande empresa, mas
sem qualquer vínculo empregatício.
Nesse tipo de atividade, elas se
tornam responsáveis por traçar as
próprias estratégias, em um mercado
cada vez mais competitivo, o
que em geral resulta em jornadas
exaustivas e desgaste laboral.
Muitos neoliberais e entusiastas
desse modelo de trabalho o classificam
como uma prática de empreendedorismo,
porém a socióloga
Ludmila Abílio prefere chamá-lo
de “gestão da sobrevivência”. “Os
aplicativos estão potencializando
o quadro atual de exploração do
trabalho. No início, pode até parecer
bom. Mas depois, conforme
a concorrência vai aumentando,
a vida começa a piorar, e já não
tem para onde ir. Você já se tornou
autônoma, sem a proteção
legal prevista na formalidade”,
opina a socióloga, que defende a
aprovação de projetos de lei para
assegurar direitos a quem trabalha
com essas plataformas digitais.
“No momento, a gente está vendo
no mundo todo um debate sobre
como regular o trabalho por meio
Revista Elas por Elas - março 2020 105