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Elas por elas 2020

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Ainda é difícil fazer com que os

homens entendam que a mulher

quer assistir futebol, acompanhar

o seu time. Muitos acham que ela

está ali só para ficar próxima a um

homem ou para conhecer alguém

com intuito de paquera.

Como você vê a participação feminina

nas torcidas organizadas de

futebol?

É uma demanda e conquista das

próprias mulheres, como parte

do processo de ocupação das arquibancadas

por elas. No entanto,

vejo que as torcidas organizadas

são muito resistentes a essa entrada.

Muitas têm uma ala feminina e

já existem movimentos de mulheres

de arquibancada. Mas quando

se fala em viagens para jogos fora

de casa, muitas vezes as mulheres

são impedidas de ir, com a alegação

de que seria inseguro.

As demandas das mulheres nas

decisões dos clubes também sofrem

retaliações com frequência

muito alta. A participação de mulheres

como gestoras e conselheiras

nos clubes brasileiros é praticamente

inexistente. E nas torcidas,

os movimentos femininos sofrem

ameaças constantes quando

se manifestam nas decisões internas,

como a contratação ou demissão

de jogadores.

Você participa de algum coletivo

que debate ações contra o machismo

ou homofobia, assim como as

outras demandas das torcidas nos

estádios?

Sou componente da Resistência

Azul Popular e da Maria Tostão,

coletivos da torcida do Cruzeiro.

Militamos pela democracia no futebol,

buscando um acesso mais popular

ao Mineirão. Buscamos que

os mais diversos grupos possam

frequentar e torcer sem opressões,

sem racismo, homofobia e machismo,

além de um preço acessível dos

jogos. Também temos a pauta de

democratização da gestão do Cruzeiro,

para que o sócio do futebol

possa participar das decisões internas

do Clube.

Acha que esses coletivos de torcedoras

têm influenciado uma

postura menos machista por parte

dos dirigentes dos clubes ou

ajudado a criar uma consciência

maior das torcidas?

Vejo que as torcidas e os coletivos

têm gerado alguma pressão.

Algumas pautas feministas, como

o fim do assédio nos estádios ou o

futebol feminino, têm aumentado

sua aceitação. Recentemente, um

comentarista de rádio foi demitido

Muitas

mulheres que

se manifestam

sobre futebol

sofrem com

desqualificação”

por dar declarações machistas, devido

à pressão das mulheres. Apesar

disso, vejo pouca repercussão

na gestão interna dos clubes e ainda

uma resistência muito grande

dentro das torcidas organizadas.

Nas redes sociais, muitas mulheres

que se manifestam em assuntos

relacionados ao futebol sofrem

desqualificação e ameaças de violência.

Mas acredito que a ocupação

feminina vai só aumentar, ainda

que exista um conservadorismo

que busque o contrário.

Nas demandas por mais igualdade

no futebol, o que você destacaria

como avanços?

Acho importante destacar o Observatório

Racial no Futebol, que

tem realizado ações efetivas em

partidas de grande visibilidade e

tem encorajado e respaldado nomes

como o do técnico Roger Machado

a se posicionar publicamente

acerca da condição do povo negro

no futebol e na sociedade. O observatório

conseguiu, junto ao Supremo

Tribunal de Justiça Desportiva

(STJD), o comprometimento de

ações efetivas de combate aos episódios

de racismo de uma forma

geral no Brasil, começando com capacitações

com vistas ao Campeonato

Estadual do Rio Grande do Sul

em 2020. Isso é especialmente relevante,

porque o estado é líder em

manifestações racistas e injúrias

raciais segundo o próprio observatório.

Essa conquista demonstra o

potencial e efetividade de coletivos

que lutam contra a discriminação

e enfatizam a condição da mulher

negra, que continua invisibilizada.

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Revista Elas por Elas - março 2020

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