Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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Mulheres. No Voz, trouxemos uma
mulher de cada estado e fizemos
um levantamento da pauta das
indígenas. A partir daí, a gente
começou a realizar nossas plenárias
no âmbito do acampamento
Terra Livre e, neste ano, a Marcha,
com este momento de fórum. A
gente pode fazer ali a discussão
e cada mulher levantar as suas
preocupações. Enfim, estamos nos
fortalecendo e fazendo agora este
chamado para o Acampamento
Terra Livre, em Brasília (DF), de 27
a 30 de abril deste ano (2020).
Nas últimas eleições (2018), você
foi candidata a vice-presidente do
país, na chapa do Boulos (PSOL).
Como foi essa experiência?
Estar numa chapa presidencial foi
muito significativo para nós, povos
indígenas, porque ali não era
apenas uma representação indígena,
era uma representação de mulher
indígena, que é muito mais difícil.
E, para nós, isso foi um grande
passo. Na oportunidade, não
hesitamos em compor essa chapa.
A gente nunca recuou de nada
e não seria agora que a gente iria
dar pra trás. Então, aceitamos com
o papel de trazer a pauta indígena
e ambiental para dentro do debate
político eleitoral. Com certeza,
nós conseguimos alcançar nosso
objetivo, porque até agora nós estamos
colhendo resultados, que é
a maior visibilidade da luta indígena
e maior adesão às pautas ambientais.
Nós não temos dúvida de
que a nossa candidatura contribuiu
muito fortemente para a adesão
da sociedade.
Hoje temos Joênia como deputada
federal, eleita nas últimas eleições.
Isso foi resultado das lutas
das indígenas de todo o país? A
atuação dela no Congresso já conseguiu
ser percebida, trouxe algum
resultado positivo ou ela não
está conseguindo espaço?
A vitória da Joênia também foi
uma grande conquista, a primeira
mulher indígena eleita deputada
federal. Com certeza, a presença
dela está fazendo muita diferença
no Congresso, onde já articulou
a Frente Parlamentar Mista em Defesa
dos Direitos Indígenas. A presença
faz toda diferença e a Joênia
é uma presença legítima dos povos
indígenas ali dentro. Tem também
a mestra em Educação Chirley
Pankará, que faz parte do mandato
coletivo, pelo PSOL, a chamada
Bancada Ativista, em São Paulo.
Como tornar possível a eleição
de mais mulheres indígenas no
Brasil?
“
A gente nunca
recuou de nada e
não seria agora
que a gente iria
dar para trás”
Nós seguimos ajudando e apoiando
muitas indígenas a lançarem
suas candidaturas. No ano que
vem, vamos percorrer o Brasil incentivando,
orientando e apoiando-as
para se candidatarem nos
seus municípios. Não é uma tarefa
fácil, porque a campanha é muito
desigual diante do poder econômico
que prevalece, elegendo
aqueles que têm mais poder. Mas
queremos fazer as pessoas acreditarem
na política como uma coisa
boa, que atenda os interesses do
povo, e não dos candidatos.
Como lidar com o governo atual,
que vem passando por cima dos direitos?
Além da resistência, vocês
buscaram apoio internacional em
termos de boicote aos produtos do
agronegócio que são produzidos
em áreas indígenas. Como está
esse acordo?
É aterrorizante lidar com um governo
como este, que todos os dias faz
um anúncio que provoca um verdadeiro
desastre, desmonta, viola direitos,
que autoriza a destruição do
meio ambiente, desmatamento, autoriza
a mineração em territórios
indígenas, e que todos os dias destila
preconceito e racismo contra os
indígenas e à população mais pobre.
Mas, por outro lado, a gente se fortalece
e se alimenta para fortalecer a
luta coletiva. Fizemos a Jornada pelos
12 países da Europa, denunciando
as empresas que violam direitos
no Brasil e o genocídio que este governo
está autorizando em favor do
interesse financeiro. Nossa estratégia
é estar sempre em movimento.
Seguiremos resistindo para existir.
Revista Elas por Elas - março 2020
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