Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Lei do Feminicídio
Desde que a Lei do Feminicídio
(lei nº 13.104/2015) entrou em
vigor, os homicídios por razão de
gênero subiram 62,7%. Discute-se
muito sobre as causas desse verdadeiro
genocídio de mulheres, ponderando
se houve um recrudescimento
da violência ou o aumento
da visibilidade desse tipo de crime.
De acordo com estudo da Comissão
Econômica para a América
Latina e o Caribe (Cepal), vinculada
à Organização das Nações Unidas
(ONU), a cada dez feminicídios
registrados em 23 países da região
em 2017, quatro ocorreram no Brasil.
Naquele ano, pelo menos 2.795
mulheres foram assassinadas, das
quais 1.133 no Brasil.
A rigor, o feminicídio é um agravante
do crime de homicídio, uma
circunstância específica que transforma
o ato em homicídio qualificado.
A pena para o crime vai de 12
a 30 anos de reclusão. Mas pode ser
elevada em até 50%, caso o crime
seja praticado na presença de filhos,
pais ou avós da vítima, durante
a gestação ou nos três meses imediatamente
pós-parto e ainda contra
vítima menor de 14 anos, maior
de 60 anos ou com deficiência.
Segundo revela o Ministério Público
de São Paulo, somente 4% das
vítimas de feminicídio no estado tinham
procurado a polícia para relatar
abusos. Uma pesquisa realizada
pela teóloga Valéria Vilhena, no
curso de doutorado da Universidade
Presbiteriana Mackenzie de São
Paulo, constatou que 40% das mulheres
vítimas de agressões físicas
e verbais de seus companheiros se
declaram evangélicas. “Quando essa
mulher vai procurar o pastor para
dizer que ela está sofrendo violência,
normalmente não recebe apoio,
o pastor aconselha mais submissão,
em nome de Deus: ‘seja sábia’, ‘fique
calada’, ‘não enfrente’, explica Valéria,
em entrevista ao Uol.
Além de crenças pessoais, não
se pode desconsiderar que há vínculo
emocional com os agressores,
e as mulheres ainda têm medo de
ficar desamparadas, caso o companheiro
seja preso ou sofra alguma
sanção que o leve a perder a fonte
de renda, uma vez que é a mulher
que normalmente se responsabiliza
pelos filhos.
Sem denúncia, supõe-se como
justificativa a impossibilidade de
acionar as medidas protetivas previstas
na Lei Maria da Penha nº
11.340/2006). Mas o que se vê é a falta
de resposta do Estado em garantir
“
Quando essa mulher
vai procurar o pastor
para dizer que ela está
sofrendo violência,
normalmente não
recebe apoio, o pastor
aconselha mais
submissão, em nome
de Deus: ‘seja sábia’,
‘fique calada’, ‘não
enfrente”
os direitos humanos das mulheres
por falta de investimento na implementação
de fato dos equipamentos
e medidas previstas na Lei Maria da
Penha, que completou 13 anos em
2019 e representa um grande avanço
no combate à violência doméstica
no Brasil. Segundo dados divulgados
pela Agência Senado, no Brasil,
menos de 10% dos municípios contam
com delegacias especializadas
de atendimento à mulher.
Banalização da violência
Para a professora Terezinha Avelar,
diretora do Sinpro Minas, secretária
adjunta de Mulheres da Central
dos Trabalhadores e Trabalhadoras
do Brasil (CTB-Minas) e presidenta
do Conselho Municipal dos
Direitos das Mulheres (CMDM), as
crescentes estatísticas de crimes
contra as mulheres refletem o momento
político atual. “Há uma naturalização
da violência e apoio a
comportamentos machistas. As mulheres
sofrem com o alto índice de
desemprego e não há investimentos
para ampliar e fortalecer os mecanismos
de proteção às mulheres em
situação de risco à violência, assim
como para o preparo de quem acolhe
essas mulheres no dia a dia nas
delegacias. Há casos em que a mulher
espera muito tempo para ser
atendida e acaba desistindo de fazer
a denúncia”, alerta.
Em Belo Horizonte, Terezinha
Avelar participou das discussões sobre
o primeiro Plano Municipal de
Equidade de Gênero, que faz parte
da plataforma “Cidade 50-50: todos e
todas pela igualdade”, da Organização
das Nações Unidas. O plano tem
Revista Elas por Elas - março 2020
127