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Elas por elas 2020

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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As discussões sobre poder no estado

patriarcal e os locais a que homens

e mulheres foram destinados

na sociedade são importantes para

o entendimento da penalização

da mulher diante do aborto, bem

como as características que cada

espaço estabelece nas ações e nas

relações de poder entre tais atores.

O espaço público, historicamente

ocupado por homens, é universo

de poder, proporcionando voz e

diálogo a seus ocupantes; já o doméstico,

local destinado às mulheres,

é recluso, solitário, submisso e,

frequentemente, violento.

Ainda que nos séculos XX e XXI

as lutas feministas tenham forçado

avanços e conquistas significativas

nos direitos da mulher, o espaço

público e os lugares de poder ainda

pertencem majoritariamente

aos homens. Atualmente, no ano

de 2019, dos 513 deputados(as) federais

do Congresso Nacional brasileiro,

apenas 77 são mulheres, e,

das 81 cadeiras do Senado, 12 são

ocupadas por senadoras, totalizando

cerca de 15% da casa legislativa.

Esse número diz muito sobre quem

majoritariamente ocupa e exerce o

universo do poder e da legislação, e

a quem resta o universo doméstico

marcado frequentemente pela violência.

O Congresso Nacional é o local

onde se criam as regras e as leis

que irão reger o sistema coletivo. As

regras estabelecidas perpassam pelo

corpo real e simbólico da mulher.

Leis, projetos de leis e decretos que

tratam de temas como o do aborto,

planejamento familiar, saúde sexual

e reprodutiva da mulher ou assuntos

relacionados ao corpo e ao

livre arbítrio da mulher são discutidos

majoritariamente por homens.

Um dos papéis sociais atribuídos

à mulher, até mesmo por sua fisiologia,

é a maternidade, e o aborto

é uma prática que rompe com o

que lhe foi imposto. O aborto pode

ser fruto de uma gravidez indesejada,

que geralmente decorre de

falhas no processo contraceptivo.

A maternidade, da forma como é

concebida, é uma instituição atribuída

às mulheres antes mesmo

delas nascerem, por meio de normas

que advêm duma ancestralidade

que perpassa por gerações, com

limitações impostas pela sociedade

e pouca influência da decisão individual.

É o que o precursor da sociologia

Émile Durkheim definiria

como “Fato Social”, que engloba as

relações objetivas impostas e externas

ao indivíduo, mas que exercem

coerção sobre ele, independentemente

da sua vontade subjetiva. As

instituições regulam a consciência

coletiva, que por sua vez não pertence

ao indivíduo, mas o molda,

influenciando a própria consciência

individual. Na tentativa de

romper com o instituído, o indivíduo

sofre uma punição, ou seja,

a mulher ao tentar romper com a

maternidade/instituição, por meio

do aborto, gera penalidades legais;

se for mediante adoção ou doação

da prole, recebe condenação moral;

se o rompimento passar pela

recusa de nem mesmo engravidar,

há também a pena do julgamento

social por meio da intromissão na

sexualidade individual da mulher,

/ Mídia Ninja

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Revista Elas por Elas - março 2020

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