Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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contra a mulher ganhou o nome de
machistômetro. As situações descritas
são bem comuns e vão desde
questionar se a mulher entende
mesmo de futebol até aproveitar
o momento de comemorar um gol
para passar a mão nas minas.
Por todo o país, há grupos de torcedoras
que focam nas ações contra
o machismo e a homofobia nos
estádios. Grupo Vascaínas contra
o Assédio, Tricoloucas, Torcedoras
do Esporte Clube Bahia, Movimento
Toda Poderosa Corinthiana
(MTPC) são alguns dos diversos coletivos
femininos no Brasil.
Grupa: combate ao machismo
Em 2016, surgiu em Belo Horizonte
o coletivo Grupa, formado
por torcedoras do Atlético Mineiro
que se posicionam contra o
machismo, o racismo, a homofobia
e a elitização do futebol. O grupo
tem apresentado um crescente número
de seguidores nas redes sociais.
“Estávamos sendo ironizadas
no twitter, sendo chamadas de ‘panelinha’
e ‘grupinho’. Uma amiga,
então, respondeu que, na verdade,
éramos uma ‘grupinha’, explicam
as fundadoras, no site do coletivo,
a origem do nome.
A atleticana Letícia Vulcano,
servidora pública, 32 anos e mãe de
um bebê, é uma das mulheres que
participa do grupo desde o início.
Ela conta que no desfile de apresentação
de uniformes do Atlético
em 2016, com mulheres de biquíni
e salto alto, várias torcedoras
do time não se sentiram representadas
e enviaram uma nota de
repúdio para a diretoria do Clube,
que, segundo ela, nunca respondeu,
mas que no ano seguinte fez
um desfile bem diferente.
A partir daí o grupo tomou forma
e cresceu não só no ambiente
virtual, mesmo diante de críticas,
como ganhou encontros presenciais
mensais, principalmente em
dias de jogos do Galo, para um diálogo
que vai além do futebol. “A
gente incomoda e recebemos críticas
até de narradores. No início,
teve gente nos mandando lavar panelas
e até outras mulheres dizendo
que estávamos de frescura. Hoje
somos um grupo de amigas que
luta contra o machismo e pelo fim
da violência e do assédio contra as
mulheres”, explica Letícia.
A torcedora conta que, antes
da Grupa, nunca tinha ido a um
clássico, mesmo acompanhando o
time desde criança. “Assim como
eu, um monte de meninas passou
a ir. A gente marca encontro, vamos
juntas, compartilhamos a entrada,
tudo na tentativa de democratizar
o acesso e de criar mais segurança”,
conta.
“O diferencial da Grupa é que a
gente se considera 100% feminina
e feminista. A gente questiona os
comportamentos machistas e quer
incentivar a inserção da mulher no
futebol. Com a exigência da Confederação
Sul-Americana de Futebol
(Commembol), os clubes são obrigados
a ter um time feminino, mas
queremos investimentos para as
jogadoras e um futebol de qualidade.
Nós amamos o Atlético e é importante
que o clube tenha consciência
social. A gente só quer torcer
em paz”, afirma Letícia.
Entrevista
“
A participação
de mulheres na
gestão dos clubes
é praticamente
inexistente”
Bruna Monteiro, socióloga, é
professora e componente da Resistência
Azul Popular e da Maria
Tostão, coletivos da torcida do
Cruzeiro.
Torcedora e espectadora das
modalidades masculina, cujo time
foi rebaixado para a série B, e feminina
de futebol, a professora Bruna
Monteiro acompanha o clube
desde de 8 anos de idade, quando
foi ao Mineirão pela primeira vez.
Mas só aos 19 passou a frequentar
o estádio sem o pai, que a acompanhava
sempre.
Você já sofreu ou viu algum assédio
às mulheres no estádio de futebol?
Já vi e sofri. A torcida do Cruzeiro
tinha um cântico para quando uma
ou mais mulheres que “agradavam”
passavam. Era bastante invasivo
e constrangedor, para dizer o
mínimo. Apesar de achar que o assédio
contra mulheres possa ter diminuído,
ainda ocorre. Não só com
as torcedoras, mas também quando
tem uma bandeirinha mulher.
Revista Elas por Elas - março 2020
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